B* Beiçuda
Nos ônibus a falta de educação está
aumentando em vez de diminuir.
Os pobres agora usam celular para
tocar música a toda altura, em geral funk ou gospel, nunca músicas suaves ou
clássicas. Fazem isso em espaço público e os ouvidos da gente doem
terrivelmente
O B* aí é de baleia, uma pessoa
gordíssima. Como gordura excessiva é malvista em todos os sentidos, a pessoa
portadora de doença da obesidade é malvista. A palavra “beiçuda” diz respeito à
projeção dos lábios, em geral o de baixo, indicando emburramento. A palavra é
usada aqui no sentido de apontar uma pessoa insolente, irreverente no pior
sentido.
A combinação fala daquilo que o povo
chama de “tribufu de beiço”, já usado noutro artigo e que usarei de novo: uma
coisa horrenda, escrofulosa.
Há cada vez mais gente assim
orgulhosa, quando o orgulho deveria estar diminuindo após os milênios de
ensinamentos dos iluminados. As pessoas estão cada vez mais arrogantes, mais
atrevidas, mais abusadas.
Aquele mundo de gente de cara
fechada.
Como ficar alegre na condição de
vida deles? Três ou quatro horas de viagens de ônibus todos os dias, salários
baixíssimos, seguro-saúde que é o SUS-to do governo federal (as pessoas ficam
seis ou sete horas na fila só para pegar ficha para o médico, onde são atendidos
três meses depois em dois minutos; se há algum exame lá vão de novo para a fila
pegar ficha, outra espera de três meses; com os resultados, outra fila e ficha
para o primeiro médico, mais três meses – nisso pode se passar um ano inteiro; se
é câncer progressivo violento, nesse ínterim a pessoa está morta).
Contudo, temos a realidade das caras
fechadas.
Carantonhas fechadas.
Baleias beiçudas.
Foi o termo que encontrei para
retratar a infelicidade geral nos ônibus que pego. Há bem poucos rindo (eu
mesmo e poucos mais).
Serra, sexta-feira, 12 de agosto de
2011.
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