Sunday, December 01, 2013

Ambientes Dentro dos Panelões (da série Material Sensível, grupo Teoria dos Panelões)


Ambientes Dentro dos Panelões

 

                               DEPOIS QUE A CRATERA É CAVADA PELA FLECHA


A seguir a toda destruição, a toda devastação com desaparecimento de rios e lagos, rebuliço em toda a Terra (e particularmente naquela terra dali), confusão inexcedível com caos total, reina paz e sobrevém a tranqüilidade, a calmaria de depois de esgotada a energia, toda gasta na convulsão.

O panelão está pronto.

Que é que vem depois?

Não há água em volta, toda vida foi calcinada e cancelada e o aspecto é de um deserto absoluto. O que se vê é o vazio, como nos mundos mortos.

Começa a reconstrução.

Vem a Vida geral reformar a destruição, retomando tudo do zero.

Começa a chover, novos rios são formados, novos lagos são construídos, o ADRN de várias espécies vem compor novo bioma, a reconstrução se torna exponencialmente febril. Há uma aceleração formidável e ao cabo de algum tempo (não sei estimar, podem ser milhares de anos, mas penso que o tempo é curto, aliás, curtíssimo diante de tal devastação).

Os rios chegam e contornam, nunca entram nos panelões, o que vai ser depois um índice a mais para identificá-los, porque os rios “fazem a volta”, já que se trata de um paredão circular que não conseguem ultrapassar.

Dentro dos panelões o ambiente é muito agradável, a salvo de qualquer perturbação.

Ali surge nova vida - sem aquela competição que lavra medonha do lado de fora - abrigada da competição maior, sendo esta também uma marca distintiva. Chove dentro, empoça água, o fundo vai sendo elevado progressivamente, até o fundo do panelão estar coberto. Esse fundo vai subindo devagar até chegar ao alto. A água empoçada eventualmente vaza pelo “ladrão mais baixo”, como já falei.

Em todo caso, em pouco tempo já não são vistas como crateras e ficam ocultas no terreno ao redor.

UM EXEMPLO BRASILEIRO (na Internet)

Cerro do Jarau – RS Localização: Lat.: 30°12'S Long.: 56° 33'W
Idade: 117 ± 17 milhões de anos
Cratera: 5,5 km de diâmetro.
A estrutura central está um pouco à direita do centro na área rosada onde se vê alguns picos num alinhamento semicircular. A borda da cratera apresenta lagos (escuros) que se vê ao oeste e sudeste
© EMBRAPA

Abrigada dos ventos pelos paredões, a vida interior, de dentro dos panelões, tem com toda certeza uma evolução separada da de fora. A que consegue entrar fica abrigada e se distingue da outra em volta. Seus esqueletos distintivos marcam o lugar, o que por si só é interessante.

Vitória, sábado, 09 de abril de 2005.

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