Saturday, December 14, 2013

Penha Vaidosa que do Salão ia Passear no Jardim (da série Material Sensível, grupo MCES Modelo da Caverna para a Expansão dos Sapiens)


Penha Vaidosa que do Salão ia Passear no Jardim

 

JARDIM DA PENHA, VITÓRIA, ESPÍRITO SANTO, BRASIL (endereço da vaidade)

Descrição: http://www.cbtu.gov.br/galerias/mapas/vitoria/images/imgvit1_jpg.jpg

Nós moramos neste bairro.

Aqui há muitos, muitos salões (suponho que o nome vem de quando eram grandes para comportar muitas mulheres; hoje podem ser pequeníssimos, porta de 1,5 metro de largura x 3,0 metros de profundidade) de beleza.

A Livraria e Editora Huapaya fechou e no lugar instalou-se um “instituto de beleza”. Em cada quadra parece que há diversos, às vezes enfileirados uma do lado do outro. Elas vão lá fazer as unhas das mãos e dos pés, o cabelo (há certo “megahair”, em inglês “grande cabelo”, que soube tratar da implantação de conjuntos de fios – como que micro-perucas – nem outros grupos do cabelo da mulher, operação demorada e custosa, pois parece que fica por mais de quatrocentos reais), arrancar os pelos da virilha e das pernas e dos braços e fazer sabe-se lá o que mais, fora agora existirem lojas de tatuagem e de piercing, duas perigosas linhas de automutilação à moda de Tanatos.

As mulheres não fazem mais nos fins de semana, como há 30 anos ou eventualmente, fazem agora quase todos os dias.

As lojas ficam entupidas delas a qualquer hora.

E há homens também, o que é o absurdo mais moderno, o contra-senso do “homem vaidoso”.

Seria importante linha de pesquisa psicológica e sociológica saber quando e quanto elas gastam para enfeitar-se assim (sempre em busca do depositante de esperma, como vimos no MCES, Modelo da Caverna para a Expansão dos Sapiens) e que percentual da renda da casa ou delas isso representa.

Linha de pesquisa que dá o novo tom do hedonismo pós-contemporâneo.

Vitória, domingo, 10 de junho de 2007.

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