Wednesday, November 06, 2013

A Teoria do Funil Tecnocientífico (da série Expresso 222..., Livro 6)


A Teoria do Funil Tecnocientífico                              

 

                        Imagine um funil com o lado cônico avançando para o futuro e tornando-se cada vez maior, isto é, com o diâmetro do círculo de base do cone ampliando sempre, para mostrar as soluções proporcionadas pelo PODER RESOLUTIVO (ou integrativo) DA TEORIA, PRT ou PIT.

                        Ora, esse PIT, que é bom, logo se torna aquele paradigma de Kahn, quer dizer, a catalisação coalescente, aderente, aglutinante que impede a divergência ou contestação, anulando ou prometendo anular a criatividade natural naquele ramo do conhecimento.

                        O outro lado do funil, o cilindro cujo corte reto é consideravelmente menor que a base do cone, é a resposta, quer dizer, presumimos que é necessário ampliar consideravelmente a saída ou debate sobre a propriedade. O fechamento corresponderá à incapacidade de resistência humana. Evidentemente haverá, com o ajuntamento indutivo anti-popperiano, cada vez mais evidências a favor da teoria, calando seus opositores, até que alguém de dimensão muito maior vá destruir a base de sustentação, atacando o problema mesmo de modo inovador, incorporando a teoria mais velha.

                        A questão, então, é a de saber se há gente trabalhando a abertura do cilindro do funil, isto é, a quantas anda a contestabilidade humana, a qualidade por trás do que é contestável, a capacidade de identificar ou resistir à pressão do PIT. Enfim, a resposta à ditadura dogmática, a saída para-dogmática, para além do dogma.

                        Por enquanto essa CLASSE DE RESPOSTAS tem sido de inteira competência dos espíritos inquietos, que não se dobram ao insidioso chamado vindo da carreira dos lemingues, isto é, vem dependendo de quem é capaz de contrapor-se à fúria destrutiva e avacalhadora do conformismo, a sobre-afirmação da conformidade. Obviamente tem dado certo, pois existe ainda muita gente disposta a arrostar as medonhas forças castradoras sociais, mas pode chegar o tempo em que isso esteja além das potências pessoas (individuais, familiares, grupais e empresariais), devendo ser organizada tal resposta pelos ambientes (municípios/cidades, estados, nações e mundo), em conjuntos crescentes. Essa é a condição da contínua prosperidade, porquanto sem tal atendimento de demanda, quer dizer, sem oferta coletiva de resposta, o ser humano isolado pode sucumbir.

                        Vitória, sexta-feira, 09 de agosto de 2002.

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