Wednesday, November 06, 2013

A Fábrica de Ídolos (da série Expresso 222..., Livro 6)


A Fábrica de Ídolos

 

                        A gente vê na Globo e no Sistema Brasileiro de Televisão, SBT, a fabricação de ídolos para consumo popular. Eu disse a algumas pessoas que eles devem manter mil (1.000) suspirando, à frente das telinhas e das telas, em evidência, para contentamento das massas.

                        Isso é o Capitalismo de terceira onda, com a grade própria de ilusões, nada a comentar, apenas um dos artifícios nojentos – e existem tantos. Então a gente passaria ao largo, rindo por dentro das tolices dos páleo-administradores, esses idiotas de agora.

                        O que dói mesmo é saber que a burguesia é repetitiva, toma sempre as mesmas atitudes, como antes fizeram a nobreza medieval e o patriciado escravagista. Ela não inova, não cria, não gera nada de verdadeiramente novo. Poderia abrir largos braços, para abarcar mais da Natureza e de Deus, d’Ela e d’Ele, d’ELI, mas em vez disso contenta-se com os procedimentos enganadores de sempre.

                        Há tanto a fazer que é surpreendente estarem usando (e mal) o artifício (único) do pão e do circo, alimento e diversão (não divertimento, que seria isento e sadio, mas DIVERSÃO, no sentido de distração, de chamar atenção para algo diverso, esquecendo-se o principal).

                        Como aqueles garotos e garotas estão sempre dispostos a vender sua alma em troco de bem-estar, de fama, ainda que passageira, de um assomo de glória, de um gozo precoce, ei-los à frente do circo, jogados aos leões, os gladiadores de agoraqui, recebendo os aplausos e apupos da turba enlouquecida. Esta sabe muito bem que o Grande Amor é coisa do futuro, e o melhor tempo é aquele distante, lá longe, na Anarquia. Então, leva tudo de atropelo, tudo de cambulhada, tudo na vileza, na vilania, na sujeira, na putaria. E ri. Ri dessas crianças oferecidas de corpo e de alma ou mente. Ri da burguesia com furor. Ri de si, ri de tudo e de todos.

                        E a burguesia, é claro, fabrica seus mil escudos contra a atenção, sem saber que há um tempo certo no ciclo, que nem pode ser evitado nem desviado senão à custa de maior dor e confusão ainda.

                        Vitória, terça-feira, 20 de agosto de 2002.

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