A
Fábrica de Ídolos
A
gente vê na Globo e no Sistema Brasileiro de Televisão, SBT, a fabricação de
ídolos para consumo popular. Eu disse a algumas pessoas que eles devem manter
mil (1.000) suspirando, à frente das telinhas e das telas, em evidência, para
contentamento das massas.
Isso
é o Capitalismo de terceira onda, com a grade própria de ilusões, nada a
comentar, apenas um dos artifícios nojentos – e existem tantos. Então a gente
passaria ao largo, rindo por dentro das tolices dos páleo-administradores,
esses idiotas de agora.
O
que dói mesmo é saber que a burguesia é repetitiva, toma sempre as mesmas
atitudes, como antes fizeram a nobreza medieval e o patriciado escravagista.
Ela não inova, não cria, não gera nada de verdadeiramente novo. Poderia abrir
largos braços, para abarcar mais da Natureza e de Deus, d’Ela e d’Ele, d’ELI,
mas em vez disso contenta-se com os procedimentos enganadores de sempre.
Há
tanto a fazer que é surpreendente estarem usando (e mal) o artifício (único) do
pão e do circo, alimento e diversão (não divertimento, que seria isento e
sadio, mas DIVERSÃO, no sentido de distração, de chamar atenção para algo
diverso, esquecendo-se o principal).
Como
aqueles garotos e garotas estão sempre dispostos a vender sua alma em troco de
bem-estar, de fama, ainda que passageira, de um assomo de glória, de um gozo
precoce, ei-los à frente do circo, jogados aos leões, os gladiadores de
agoraqui, recebendo os aplausos e apupos da turba enlouquecida. Esta sabe muito
bem que o Grande Amor é coisa do futuro, e o melhor tempo é aquele distante, lá
longe, na Anarquia. Então, leva tudo de atropelo, tudo de cambulhada, tudo na
vileza, na vilania, na sujeira, na putaria. E ri. Ri dessas crianças oferecidas
de corpo e de alma ou mente. Ri da burguesia com furor. Ri de si, ri de tudo e
de todos.
E
a burguesia, é claro, fabrica seus mil escudos contra a atenção, sem saber que
há um tempo certo no ciclo, que nem pode ser evitado nem desviado senão à custa
de maior dor e confusão ainda.
Vitória,
terça-feira, 20 de agosto de 2002.
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