Andando
no Fundo do Oceano
No volume Som e Audição (na
Biblioteca Científica Life, Time, original de 1965 e 1970), Rio de Janeiro,
José Olympio, 1980, de S. S. Stevens e Fred Warshorfsky, os autores dizem na
página 10: “Vivemos bem no
fundo de um oceano de ar invisível”.
Isso não está certo, é licença
poética.
Águas formam oceanos, ar forma
atmosfera.
Os oceanos podem ser vários (com
mares), enquanto a atmosfera é uma só em todos os lugares. Dizer “oceano de ar
invisível” é impróprio, mormente para técnicos e cientistas. Se dissermos
coisas assim podemos não somente levar as pessoas a erros como também induzir a
liberdade poética, como a do título.
Enquanto no fundo da atmosfera a
pressão é por definição de uma atmosfera, no fundo do oceano a pressão seria
enormemente maior.
Como dizia a Clarice Lispector com
outras palavras: se não tomarmos cuidado com a linguagem podemos acreditar que
estamos sentados na mesa (em cima dela) e não à mesa (próximos dela, em cadeira
ou banco ou banqueta ou o que for).
Liberdade é bom, mas liberdade que
induz a erros é ruim, é liberalismo, doença da superafirmação da liberdade.
Seria bem melhor dizer: “É como se
vivêssemos bem no fundo de um oceano de ar invisível”, explicando depois a
realidade.
Tecnocientistas não têm de apurar
somente a tecnociência, têm de aperfeiçoar igualmente o linguajar.
Vitória, quarta-feira, 22 de
setembro de 2010.
No comments:
Post a Comment