Saturday, November 02, 2013

Ducha de Cometas (da série Expresso 222..., Livro 2)


Ducha de Cometas

 

                        Seguindo o texto anterior, Nemêsis, do mesmo Dyson, no livro Infinito em Todas as Direções (Do Gene à Conquista do Universo), São Paulo, Best Seller, original americano de 1988, edição brasileira s/d, podemos tirar as citações nas páginas:

·         36: “A extinção em massa mais famosa é uma que aconteceu há 65 milhões de anos, quando os dinossauros desapareceram sem deixar sequer uma espécie viva”.

·         36: “Temos prova de que, ao menos nesse caso, as extinções marinhas ocorreram num tempo em que algum grande objeto atingiu a Terra. Os depósitos de calcário onde os microfósseis aparecem são interrompidos por uma fina camada de argila”.

·         37: “Extinções em massa não ocorrem simultaneamente, mas dispersas em períodos de um a dois milhões de anos”, negrito meu.

·         37: “O padrão desses eventos nos leva à conclusão de que a Terra tem sido bombardeada não por uma saraivada constante de cometas, mas por ‘duchas’ intermitentes. Cada ducha de cometas dura aparentemente um milhão de anos e resulta em vários impactos na Terra. (...). A teoria das duchas de cometas foi delineada por Jack Hills (...)”, negrito meu.

·         38: “Essa estrela nem precisa chegar muito perto ou perturbar excessivamente os cometas. Basta perturbar suas órbitas em apenas um pequeno ângulo, de modo que o estreito cone vazio seja afastado do Sol. (...) A Terra ficaria exposta à chuva de cometas com intensidade total, até que a estrela se afastasse e os efeitos do calor solar e dos encontros planetários estabelecessem um novo cone. Durante esse milhão de anos, a Terra experimentaria uma ducha de cometas”.

·         39: “Alguns paleontologias alegam que extinções em massa, ou grupos de extinções, ocorreram a intervalos de mais ou menos 26 milhões de anos. Eles detectam grandes extinções, com vasto número de desaparecimento de espécies, em épocas de cerca de 13, 39, 65 e 91 milhões de anos, com um ciclo regular de 26 milhões de anos”. Então se segue a teoria alternativa de Piet Hut e Rich Muller.

·         40: “Considerando que o último grupo de extinções e crateras aconteceu cerca de treze milhões de anos atrás, estamos agora a meio caminho do ciclo”.

·         43: “Se estiver correta, mudará a nossa maneira de pensar a vida e sua evolução. A teoria implica que a vida tem sido exposta, a intervalos regulares, a uma poda drástica. A cada 26 milhões de anos, mais ou menos, tem acontecido uma catástrofe ambiental grave o bastante para destronar os poderosos e ceder seu lugar para os pequenos e humildes”.

A Barsa eletrônica dá conta de que a Era Mesozóica começou há aproximadamente 245 e terminou há cerca de 66,4 milhões de anos, ou seja, na ponta mais antiga começaram os dinossauros a viver e na ponta mais recente eles desapareceram.

 Temos que 66,4/26 = 2,55 (mas, como começa em 13 + 26 + 26 = 65, a diferença é de 1,4 milhões de anos, 66,4, - 65,0 = 1,4; 1,4/65,0 = 2,15 %), dentro da margem estatística de erro.

É possível que as datas corretas sejam: 13, 39, 65, 91, 117, 143, 169, 195, 221, 247, 273 e assim segue até seiscentos e tantos milhões de anos, numa data que se supõe tenha começado a “explosão cambriana”. As datas marcadas em vermelho correspondem ao fim e início da Era Mesozóica, quase precisamente (o início, 66,4 – 65,0 = 1,4 e 1,4/65,0 = 2,15 % de erro, e o fim, 255 – 247 = 8 e 8/247 =3,24 % de erro).

Lá por 250 milhões de anos atrás um meteorito extinguiu 99 % da vida na Terra, iniciando a Era Mesozóica, enquanto em 65 milhões de anos outro, de 16 km, caiu na península de Iucatã e extinguiu 70 % da vida de então.

Parece verdadeiro, então, que de 26 em 26 milhões de anos, por períodos de um ou dois milhões de anos, a Terra é bombardeada. Pode ser essa estrela, Nemêsis, ou outro fator, mas é certo que existe, a próxima estando marcada para daqui a 13 milhões de anos. Duas das grandes ocorreram há 65 e 247 milhões de anos. Na primeira a África foi separada do Brasil, o que Wegener notou e chamou de Deriva Continental, depois apelidada de Tectônica de Placas, a partir da década dos 1960, a seguir ao Ano Geofísico de 1957. Há 65 milhões outro dos grandes adiantou ou acelerou a migração da atual América do Sul, então crátons do Brasil e das Guianas, na direção e sentido do sudoeste. Eles devem chocar-se com extrema violência e abrir fissuras no leito do mar, pois a crosta terrestre tem de 65 a um quilômetro separando-a do magma. Naquilo que a energia fabulosa é transferida, a crosta deve rachar toda, em vários pontos, fazendo emergir ainda mais energia das profundezas, especialmente matéria com tremenda carga de radiação, o que leva à irradiação dos seres todos, após a extinção, em particular dos animais e plantas marinhas.

Agora, são cometas ou meteoritos?

Se fossem cometas, a Lua, Mercúrio e Marte estariam cheios de água, pois os cometas são chamados “bolas de neve suja”, e não é isso que se vê, eles quase não a possuem. Gases não conseguiriam reter, dada sua baixa atração gravitacional, mas água sim, como retém, porém pouquíssima, para um bombardeio de bilhões de anos. Além disso, eles vêm de muito longe, da nuvem de Öort, situada a 0,5 ano-luz. Plutão, que fica a 4,9 bilhões e quilômetros, no máximo, está a 0,52/1000 de um ano-luz, ou seja, a um milésimo da distância Sol-Öort.

Parece mais garantido pensar em meteoritos, que estão logo ali, relativamente, no Cinturão de Asteróides, que fica entre Marte (1,5 UA, distância Sol-Terra) e Júpiter (5,2 UA), ou seja, entre 228 e 778 milhões de quilômetros. Ou, segundo o livro de André de Cayeux e Serge Brunier, Os Planetas, Rio de Janeiro, Francisco Alves, 1985, página 130, entre 2,17 e 3,67 UA, quer dizer, entre 325,5 e 550,5 milhões de quilômetros. Ou ainda entre 18,1 e 30,6 segundos-luz. Para quê ir tão longe? A Natureza é simples e direta.

Temos ainda os meteoritos que ficam em torno da Terra, verdadeiro enxame de “pequenos” (cada um pode abrir uma cratera de 10 vezes seu diâmetro; um pequeno, de um quilômetro, destruiria um estado inteiro como o Espírito Santo, e mataria muitas espécies), mal-estudados. Mas eles, a menos da passagem de algum astro destruidor, estão em estabilidade gravitacional.

De qualquer forma, é para daqui a 13 milhões de anos. Se depender do governo e das empresas, até lá já estaremos mortos há muito tempo.

Vitória, terça-feira, 28 de maio de 2002.

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