Impacto
Profundo
Que devemos entender por
“profundo”?
Como é julgamento de
valor, é valorização, é quantitativo, deve ter um metro, uma medida, e padrão.
Quando penso agora num
meteorito ou cometa grande atingindo a Terra no passado (e no futuro), vejo que
a crosta terrestre, a fina capa que recobre o interior furioso do planeta, tem
no ponto mais largo 64 e no ponto mais estreito um km de espessura, razão de
64/1. SE fosse num ser humano de 1,71 metro, como eu, 64 km (um milésimo do
raio planetário) corresponderiam a 1,71 mm, em torno de um décimo de polegada
(que é 25,4 mm, exatamente, por definição), menos que a pele, e um km a 0,03
mm, muito menor que um fio de cabelo dos mais finos. Como a Terra tem de raio
6.372 km e de diâmetro o dobro disso, 12.744 km, em relação ao primeiro, 64 km
corresponderiam a um centésimo, enquanto um km equivaleria a 157 milionésimos.
Isso é pouco mesmo. Numa
bola de um metro de diâmetro iria de 5,02 a 0,08 mm, menor que o plástico que
contém o ar.
Nesse caso, comparativamente,
um meteorito de 16 km, como o que atingiu Iucatã há 65 milhões de anos e
extinguiu os dinossauros, teria 1,26 mm, uma bolinha quase invisível, porém em
grande velocidade, uma bala perfurante tremenda. Mesmo o interior da Terra
absorvendo tudo, se chegasse a penetrar a casca ou crosta, o meteorito ou
cometa fatalmente provocaria não apenas levantamento de poeira e água na
atmosfera, além de ondas de, dizem, cinco quilômetros de altura, como também o
pipocamento de vulcões em terrível sucessão planetária. Mais ainda, a Terra
toda vibraria. A crosta enrugaria como pele muito molhada, antes de acomodar
novamente. Toda ela formaria ondas no solo mesmo, fazendo-o balançar como se
fosse água ou algo pastoso. É preciso fazer os testes em modelação, com o que
se sabe dos substratos e das densidades da terra. Não sei como isso não foi
feito, ainda!
Em todo caso o cenário é
pavoroso.
Obviamente a vida toda
estaria condenada. No de 200 milhões de anos atrás se extinguiram 99 % e no de
65 milhões de anos 70 % da Vida geral. Imagine o cenário de devastação.
Com base em tais
modelações podemos calcular repetidamente, com todas as composições,
velocidades, formas, ângulos de penetração, dos corpos incidentes, se no mar ou
em terra, os resultados dos choques. Com isso aprenderemos muitíssimo mais,
pois poderemos variar indefinidamente as colisões, tanto para a Terra quanto
para os mundos todos.
Vitória, quinta-feira,
25 de julho de 2002.
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