Tuesday, November 05, 2013

Krakatoa em Burarama (da série Expresso 222..., Livro 5)


Krakatoa em Burarama

 

                        Em 1883 explodiu o vulcão Perbuatan em Krakatoa, ilha da Indonésia, grupo de ilhas de cinco por dois mil km, perfazendo 10 milhões de km2, de que o país tem 1.948.732 km2 em terras emersas, onde viviam em 2001 214,8 milhões de habitantes. Fica em volta do equador, entre 95 e 140º (45º x 111 km/º, perto de cinco mil km) Leste, e entre 5º Norte e 10º Sul (15º x 111 km/º, uns 1.700 km, na realidade). Possui 17,5 mil ilhas, razão pela qual uma não faz muita diferença. Pois Krakatoa explodiu, nascendo no seu lugar a Nova Krakatoa, como um dos programas National Geografic nos expôs.

                        A explosão foi por demais espantosa, tendo sido ouvida a milhares de quilômetros e provocado enormes tsunamis, furiosas ondas de muitas dezenas de metros, segundo li certa vez.

                        Os meus parentes em Burarama, distrito de Cachoeiro de Itapemirim, cidade do sul do ES, me disseram quando eu era criança que apareceram por lá cinzas, como relatavam os avós. Meu pai é de Matilde e minha mãe é de Burarama. Os pais de ambos foram para aquele distrito e lá construíram as fazendas. Como vieram da Itália para cá há uns 120 anos, isso dá 1880, pouco antes, e pode ser verdade, do que fui incrédulo muitos anos. Como que as folhas iriam ficar cobertas de cinzas? De onde elas viriam? Qual o motivo do seu aparecimento? Como ninguém sabia explicar eu não acreditei com muita força, mesmo que os parentes não sejam de mentir.

                        Muitos anos depois fui ler nos livros que os vulcões, ao explodir, expelem lava a centenas de metros de altura e cinzas a centenas de quilômetros, até. De fato, Susana van Rose, no seu livro Atlas da Terra, São Paulo, Martins Fontes, 1994, p. 17, diz: “Vestígios de nuvens de cinzas podem espalhar-se por toda a Terra, afetando o clima e criando crepúsculos espetaculares no outro lado do Globo”, grifo meu.

                        É certo que eles referiram também terem visto “luzes no céu”, o que me deixou mais atônito ainda.

                        Agora sabemos que a temperatura média desce, por obstrução da luz solar, o céu fica escuro, e certamente chove muito, pois as partículas de cinzas contaminam as nuvens, fazendo precipitar as águas (é esta uma das razões das queimadas). Quem diria que essas coisas da minha infância se confirmariam!

                        Isso me faz pensar que a gente deve acreditar mais nas afirmações dos povos, pois quem (coletivamente) iria inventar que pedras caem do céu, que cinzas vindas do outro lado do mundo cairiam sobre um distrito remotíssimo do ES, que peixes também descem do céu, e outras coisas desse teor?

                        No entanto as pedras eram os meteoritos, meus parentes estavam certos e há provavelmente muito mais “crendices” populares que se manifestarão como verdadeiras.

                        Vitória, segunda-feira, 22 de julho de 2002.

                  

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