Tuesday, November 05, 2013

Manadas Eletrônicas (da série Expresso 222..., Livro 5)


Manadas Eletrônicas

 

                        No canal 40 da Escelsacabo, Globo News, apareceu uma entrevista com um jornalista americano, Paul Blustein, na qual ele chamou o dinheiro sem pátria, o dinheiro predador irresponsável universal de Manadas Eletrônicas, pois essas rendas são como boiadas que vão a esmo, ao sabor do maior rendimento.

                        Elas foram se dando muito bem, enquanto a economia foi crescendo, se tornando cada vez mais ricas ao longo das décadas. De 1945 até 1990, com a inauguração da Internet, as aplicações se davam pelo telefone, exclusivamente, especialmente enquanto o lado de cá estava dormindo. Agora a velocidade é muito maior, e a voragem correspondentemente maior também, tendo crescido desmesuradamente.

                        Ainda esses dias a Gazeta Mercantil anunciou que por conta do baque recente das bolsas nos EUA, na sequência dos anúncios dos balanços fraudulentos de tantas e a falência de algumas, as Manadas Eletrônicas perderam US$ 1,6 trilhão. E vão perder muito mais, na medida em que os mercados se deteriorarem, em razão das descobertas de todos os enganos ocultos durante essas décadas, na política de valorizar as empresas para tomar dinheiro ao mercado. Alguns vão estar rindo à beça, com as riquezas tomadas assim, e estocadas nos paraísos fiscais. É o tal do “ladrão que rouba ladrão”. Os fraudadores nas empresas roubando os acionistas das Manadas Eletrônicas. Bem feito.

                        Quero mesmo que elas percam muito, que percam tudo, aliás, que adquiriram sem trabalhar, acoitados nas sombras das leis mundiais e no poder das forças armadas dos países. Que percam mesmo tudo e voltem a trabalhar. Um abalo assim é bom, de tempos em tempos, como na Grande Depressão de 1929. Já é mais que tempo das bolhas todas estourarem, especialmente essas superbolhas eletrônicas dos últimos 30 anos.

                        Ah, a gente ri tanto!

                        Que é divertido lá isso é. Todos os espertinhos aproveitadores levando na cabeça, isso lava a alma da gente. A justiça divina é muito mais divertida que a justiça dos seres humanos. De longe, pode acreditar.

                        Vitória, terça-feira, 30 de julho de 2002.

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