Tuesday, November 05, 2013

Ministério da Brasilidade (da série Expresso 222..., Livro 5)


Ministério da Brasilidade

 

                        Supõe-se que a nacionalidade está ultrapassada. Imaginou-se durante certo tempo na literatura de antecipação (FC e futurologia) que as nações seriam progressivamente abandonadas e até substituídas pelas multinacionais, estas estabelecendo embaixadas umas nas outras (com o quê elas virariam nações!). O modelo mostrou que municípios/cidades, estados, nações e mundos são valores e descrições permanentes, não vão desaparecer nunca.

                        Os municípios/cidades não sumiram quando foi inventado o estado. Nem os estados e províncias o fizeram quando apareceu a nação na virada do Renascimento ou no Iluminismo.

                        O nacionalismo é a sobreafirmação do nacional, portanto é uma doença do info-controle            /comunicação mais apto. Essa exacerbação não é bem vinda, mas a nacionalidade sim, pois ela é a grande família humana, a maior que há antes de o mundo todo se fundir no governo planetário.

                        Compete então criar esse ministério que estou pedindo.

                        O sentido é de manifestar o que já existe e estimular o aparecimento de novas demonstrações de brasilidade. De modo algum isso vai contra a globalização. Ninguém deseja que a mundialização encontre as nações e os nacionais enfraquecidos, subnutridos, frouxos, indefesos, assim como não é preciso enfraquecer os municípios/cidades para firmar as nações. Pelo contrário, recentemente, desde faz uma década e meia, a municipalização foi justamente o movimento de dar mais poder de decisão e verbas a eles, que é onde vivem afinal as pessoas (indivíduos, famílias, grupos, empresas), o primeiro ambiente.

                        O mesmo deve ser feito nos outros planos, em particular o das nações. Estimular a brasilidade não é corromper o projeto de construção do mundo, é reafirmá-lo, porquanto o Brasil irá fortalecido para a união, como um membro de pleno direito, sabedor de seu valor, consciente de sua grandeza. E assim também todas as nações.

                        Esse fortalecimento passa pelo dicionárioenciclopédico, quer dizer, o dicionário de palavras e a enciclopédia de imagens, nesta as biografias, as bibliografias e as biobibliografias.

                        No dicionário é preciso investigar todas as palavras, uma por uma, e dar-lhe relevo, evidência, superposição, proeminência, realce, destaque, ênfase. No que os brasileiros já são bons e destacados? No quê podem ser melhores? Como habilitá-los mais na metade boa do dicionário e como afastá-lo da metade ruim?

                        Como remontar os índices pedagógicos? Como retreinar os professores? Como mudar nossa psicologia (figuras/psicanálise, objetivos/psico-síntese, produção/economia, organização/sociologia e espaçotempo/geo-história)? Há muito trabalho por fazer. Tarefas orgânicas, conduzidas por um consenso dos governempresas.

                        Tudo isso, naturalmente, depende de um ministério, ou pelo menos (para não multiplicá-los inutilmente) de uma secretaria ligada à presidência.

                        Vitória, sexta-feira, 26 de julho de 2002.

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