Tuesday, November 05, 2013

RNF, Rede Nacional do Fisco (da série Expresso 222..., Livro 5)


RNF, Rede Nacional do Fisco

 

                        Entrei para o Fisco estadual em 02 de julho de 1984 e desde então tenho batalhado por ele, às vezes mais, às vezes menos, em face das oposições ou inconsciências. De um modo geral, mais de 99,999 % da população não entende plenamente o que sejam tributos e impostos. A maior parte dos que sabem não raciocinam a fundo, têm apenas uma compreensão institucional, ideológica, sem aprofundamento no Conhecimento todo.

                        Por exemplo, o governo federal criou a RNP, Rede Nacional de Pesquisas, o que foi fundamental e maravilhoso, porém não fez o mesmo para a fiscalização em todos os níveis, federal, estadual e municipal, nem muito menos abrindo para os três poderes: Executivo, Legislativo e Judiciário.

                        Como resultado esses níveis políticos e políticos-administrativos não interagem, com as conseqüências mais vexatórias, em termos de recolhimento, de dar um basta à sonegação. Tudo muito solto, tudo muito ineficaz, tudo muito incompetente. A tal ponto que a Caixa Dois (coloco em maiúsculas porque virou instituição universal no Brasil) e os crimes que ela financia, de tanta impunidade, levaram à disseminação geral das drogas, da prostituição corporal e mental – tudo advindo do dinheiro fácil. A degradação do povo, em vista disso, é formidável, enquanto o perigo para as elites é proporcional (bem feito!).

                        Claro que há a Internet e todo o seu caos, e há agora o SINTEGRA, talvez Sistema de Integração, não sei. Mas não há direção, não há comando, não há centro, não há governadoria para o Fisco. Cada um age a seu bel-prazer, numa direção e sentido qualquer, sem co-ordenação das forças como poderes, isto é, forças dirigidas a focos específicos e determinados.

                        As conseqüências disso são trágicas em termos de tudo mesmo, de saúde a educação, a criação de patentes, de todo tipo de criação.

                        Eu pranteio por essa possibilidade de união e comando, direção e sentido centrais. Por todos esses 18 anos doeu em mim, não ter conseguido motivar os capixabas e muito menos os brasileiros, por mais que eu tenha feito. Creio que foi pouco e do outro lado havia o compromisso com os sonegadores, a falta de fé, a desídia, a falta de compromisso com o povo e as elites, o povelite/nação brasileira.

                        E de tudo fica faltando essa RNF.

                        Um dia será criada, mas quando?

                        Enquanto isso o povelite pena, não conseguindo marchar adiante com tanta celeridade quanto os outros povelites, nem com tanta satisfação de si.

                        Tudo isso, enquanto falta, fique creditada à estupidez das elites daqui e aos que optaram pela safadeza.

                        Vitória, terça-feira, 30 de julho de 2002.

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