Seta
do Tempo
No livro Dinossauros!
(14 contos de FC editados por J. Dann & G. Dozois), São Paulo, Aleph, 1993,
Coleção Zenith (vol. 6), em que no alto da capa aparece “Arthur C. Clarke &
outros”, apelando para a fama dele, o seu conto é o nono, Seta do Tempo, p. 138 e ss., original Time’s Arrow, de 1952, portanto bem precoce em relação ao
conhecimento científico, já que Clarke é engenheiro de formação.
Como já mostrei no
modelo e principalmente depois, nas posteridades, não pode haver nenhuma seta
do tempo. O tempo é um número, que se subdivide ou se fraciona em infinitos
pedacinhos, contados a partir da Propriedade
Métrica-Temporal, PMT, como a chamei, por paralelismo com a Propriedade Métrica-Espacial, PET, que
Stephen “Rei das Águias” Hawking descobriu nas distâncias de Planck, e que
conjuntamente poderíamos denominar Propriedade
Métrica-Espaçotempotal, PEMT, uma sigla fácil de lembrar. O tempo é
exatamente o zero na origem do sistema cartesiano triortogonal.
O livro é de 1993 e
naquela época eu ficava fuçando as livrarias em busca de literatura de FC e de
fantasia, entre tudo mais. Comecei o modelo em agosto de 1992, mas não havia
pensado certas coisas, que só vieram depois. Em vista disso eu ficava
deslumbrado com a esperteza das pessoas, em particular a dos cientistas.
E Clarke, falando em
entropia, me fascinava.
Ele supõe, no conto (que
está completando 50 anos agora em 2002 veja só!), que a entropia fosse
invertida as coisas voltariam no tempo. Como sei agora, não há como voltar
PORQUE o tempo é um ponto, não uma seta, e não há círculo do tempo e seta ou
flecha do tempo senão em nossas cabeças – pelo menos neste lado do duploverso.
A entropia tem uma
definição física (S = k.LogΩ, onde k é a constante de Boltzmann = 1,38.10-23
J/K, Joule por grau Kelvin, ou seja, trabalho de salto de um grau na temperatura
do corpo ou excitação térmica dos objetos em medição, geralmente moléculas – em
resumo, para excitar ou fazer vibrar um objeto um degrau K é preciso aplicar
aquele tanto de trabalho; veja uma criaturinha balançando o objeto, fazendo-o
oscilar sobre um centro), com fórmula ou conceito ou equação, e uma outra de
palavras, segundo as quais é uma medida do estado de desordem dos sistemas.
Como, pela segunda lei da termodinâmica, a entropia está sempre aumentando
quanto mais vamos ao futuro, a diminuição dela, SUPOSTAMENTE, deveria conduzir
ao passado. Seria uma boa hipótese, se tivesse chance de ser verdadeira.
Infelizmente para nossa diversão e prazer desse jeito não tem. A coisa seria
MUITO MAIS complicada.
No conto muita energia é
usada e a personagem, o Dr. Henderson, volta no tempo, vai ao passado dos
dinossauros com jipe e tudo.
A antientropia ou
negentropia corresponderia aos objetos irem progressivamente paralisando, com o
quê obteríamos os trabalhos empregados nos movimentos contrários. As coisas
ficariam cada vez mais “organizadas”, quer dizer, imóveis, voltando no tempo
até o Big Bang (Grande Explosão, Barulhão, precedido do Grande Estresse).
Acontece que, se isso pudesse ser feito, não retornaríamos no tempo e sim no
espaço, percorrendo às avessas as linhas no cosmos, TRILHANDO OUTROS CAMINHOS
TEMPORAIS, sempre de soma, para o que é considerado adiante. O copo quebrado
não voltaria a estar inteiro, ele iria, quebrado ainda, com tudo mais, no
instante em que tudo foi pego, rumo ao ponto onde o BB explodiu. Os objetos não
sabem “onde” se situa o tempo, porque a pergunta não faria sentido. “Onde” é
espaço. Sendo somente um ponto, o tempo não pode ser sondado. É porisso que ele
é intuitivo, indefinível, incognoscível. Não é à toa que não possa ser
definido, ele não pode ser definido PORQUE nada há a definir. Porém, o espaço
não é intuitivo, ele é racional, precisamos raciocinar para conhecê-lo, e,
portanto, ele pode ser definido, medido, referido. Existe “futuro” ou
posteridade no espaço, não no tempo. O que chamamos de futuro não é a
posteridade na seta do tempo, mas a posteridade-de-soma. O passado não é a
anterioridade na seta do tempo, sim a anterioridade-de-soma. O presente não é,
obviamente, nem anterioridade nem posteridade, é a linha que denominei de horizonte de simultaneidades, HS, com o
ponto (que antes eu denominava linha) HE,
horizonte de eventos, o tempo presente, ou atualidade. Em conjunto o HES, horizonte de eventos simultâneos,
o sistema triortogonal cartesiano
espaçotemporal de simultaneventos de automontagem do metaprogramáquina
universal.
Essa coisa passou em
branco não apenas os 50 anos desde o conto, mas o tempo todo. Por um lado seria
fascinante viajar “no tempo” (não obstante “viagem” diz respeito a deslocamento
espacial – não pode haver dois deslocamentos no par polar oposto/complementar
espaço-e-tempo: num o movimento é possível, no outro não).
O resultado é que essa
falta nossa de raciocínio levou a demoradas e até cansativas elucubrações de
práticos e teóricos, dos conhecimentos baixos e altos, gastando de muitos
precioso tempo. Que não pode ser recuperado pela “entropia negativa – tempo
negativo” (página 145) de Clarke. Simplesmente porque o tempo é um ponto, não
há nem uma rebarba nele, é adimensional, um ponto matemático mesmo.
Vitória, quinta-feira,
30 de maio de 2002.
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