Tuesday, November 05, 2013

Tão Nobre Quanto (da série Expresso 222..., Livro 5)


Tão Nobre Quanto

 

                        Quando a gente olha a princesa inglesa Anne, vê que ela não é nada bonita. Mas, bem vestida, adulada, bem cuidada de corpo e de rosto, sem nada para fazer, passa por aceitável. Se fosse miserável, tendo que trabalhar para viver do modo mais duro e tendendo a morrer dos 45 aos 55 anos, já estaria mais que velha, estaria “passada”, como diz o povo.

                        Veja-se um canteiro dos pobres num país de terceiro ou quarto mundo, com as flores, plantas e grama de qualquer jeito, e outro numa nação de segundo ou primeiro mundo, supercuidado, superdesejado, superadubado, superaguado, superlativo em tudo. São notáveis as diferenças.

                        Do mesmo modo com os seres humanos e tudo que nos diz respeito em nossa psicologia: supercuidadas psicanálises ou figuras; supercuidadas psico-sínteses ou objetivos; supercuidadas economias ou produções; supercuidadas sociologias ou organizações; no centro supercuidadas geo-histórias ou espaçotempos, versus as descuidadas psicologias. Repare como destoa.

                        Uma pessoa é tão nobre quanto os cuidados que a ela são dispensados – nem mais nem menos. As coisas e as pessoas são tão preciosas quanto a atenção que lhes é dada. Então, quando vejo o modo como os seres humanos se tratam, fico tremendamente chocado: as mais preciosas criaturas tratadas como se fossem instrumentos quaisquer, que não tivessem na Terra necessitado de 4,6 bilhões de anos para serem afinados, e desde o Big Bang (Barulhão, Grande Explosão, precedida do Grande Estresse) 15 bilhões de anos.

                        SE as pessoas são filhas de Deus, como se diz, SE Deus é O Criador, SE O Criador é onipotente e onisciente, então suas criações são as mais perfeitas. No entanto os seres humanos se tratam de um modo totalmente deplorável, descuidado – daí haver tanta feiúra no mundo.

                        Vitória, sábado, 03 de agosto de 2002.

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