Treinamento
Cinematográfico
Desde quando uma coisa
passa a existir ela se torna uma veia pedagógica, de ensinamento e
desensinamento das pessoas (indivíduos, famílias, grupos, empresas), de
educação e de deseducação. O mesmo aconteceu com o cinema.
Para o bem e para o mal
ele foi uma força.
Para o bem tantas coisas
nos mostrou: melhores sentimentos, melhores procedimentos, valores positivos
que conduziram a essa notável melhoria do mundo, que vemos na atualidade, por
toda parte. Juntamente com o Rádio e a TV, além das outras mídias (Livro,
Jornal, Revista e mais recentemente, da década dos 1990 para cá, a Internet),
fez a humanidade dar saltos em apenas 100 anos, ou pouco mais, de sua
existência.
Para o mal, transferiu
valores terrível de Hollywood e de outros centros de criação, sem o menor
respeito pelas pessoas, a toda parte. Como são, supostamente, “mais avançados”,
os atores, atrizes, diretores, produtores e toda gente envolvida na economia
cinematográfica (agropecuária/extrativismo, indústria, comércio, serviço e
banco) crê-se acima dos demais, devendo ensinar a estes seus valores, até
impô-los.
Em particular, como
fumavam e bebiam, acreditaram que todos os seres humanos deveriam fumar e
beber, o que foi o desastre já conhecido dos vícios. A indústria do fumo
propagou-se com base nessa divulgação contínua da mídia, o câncer derivado dos
subprodutos do tabaco ceifando milhões de vida e levando a processos rumorosos
contra as empresas. Da parte da bebida, são centenas de milhões de “dependentes
químicos”, como são chamados agora eufemisticamente os alcoólatras (o AAA
passou de Associação dos Alcoólatras
Anônimos a Associação dos Alcoólicos
Anônimos, uma tentativa infantil de ocultar a doença; poderia ser ABA, Associação dos Beberrões Anônimos – vai
ficar escondido mesmo!).
Depois, eles se viraram
para as drogas (cocaína, heroína, derivados, drogas contemporâneas), a ponto de
num filme dizerem que TODOS, sem exceção, usavam drogas em Hollywood em certa
ocasião. As prisões de atores (a pontinha de um Iceberg) são freqüentes.
Aí os filmes de
detetives e de ação começaram a divulgar e depois a louvar os atos criminosos –
roubos, furtos, assassinatos, traições, todo o lado ruim do dicionário.
Agora o que vemos é um
punhado de gente através do mundo entrando na criminalidade nem que seja por
imitação, para ficar na moda cinematográfica, para imitar seus artistas
preferidos. Pior que isso, o Cinema geral vem ensinando técnicas de malandragem
aos bandidos menores, retirando a inocência de nossas vidas. Sofisticados modos
de furtar e roubar são ensinados constantemente nos filmes. O Cinema passou a
ser a Escola dos Vícios e da Bandidagem. Os bandidos vão às telas (de TV e de
Cinema) para aprender as novas técnicas.
É certo que a Natureza
aproveitará isso tudo, pois ao elevar o nível de choque as pessoas terão de
sobreviver ou encontrar aptidão nesse patamar mais alto. Mas há a tensão
nervosa de viver num mundo sobressaltado.
De modo que também para
o Cinema a soma é zero: o que ele nos trouxe de bom foi do tamanho do que nos
trouxe de ruim.
No entanto, o fato é que
os governempresas ficaram com um problemão nas mãos, como antes para os
cigarros, as bebidas, as drogas, etc. Hollywood e seus congêneres ficam com os
lucros e a coletividade com os prejuízos.
Vitória, sexta-feira, 26
de julho de 2002.
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