Tudo
Fantasia
No livro Dinossauros! (14 contos de FC editados
por J. Dann & G. Dozois), São Paulo, Aleph, 1993, Coleção Zenith, vol. 6,
um dos contos é de Bob Buchley, o sexto, Os
Corredores, no original de 1978 The Runners,
dois paleontólogos são enviados ao passado, onde realizam contagem e
identificação dos dinossauros, para identificar a época em que estão.
Como eu já disse nos
textos em que propus classificação das tecnartes e, dentro delas, da prosa,
tecnarte da visão, só quem faz FICÇÃO CIENTÍFICA são os cientistas, pois só
eles inventam convincentemente coisas que não existem. Naqueles pontos sugeri
nova nomenclatura, FT, FICÇÃO TÉCNICA ou tecnológica, pois podemos imaginar
técnicos ou tecnólogos, um nível abaixo do conhecimento científico, que,
estando desocupados, passam a voltar seu background ou bagagem cultural menos
apurada à construção de pessoambientes (pessoas:
indivíduos, famílias, grupos, empresas; ambientes:
municípios/cidades, estados, nações e mundos) e os outros elementos todos do modelo
(estou cansado de repetir, vá ler).
Mas, nem isso.
Pois técnicos é que
fazem ficção técnica, FT, só eles inventam convincentemente mentiras técnicas,
falsidades, quando entram no caminho do mal, ou com base na tal de “mentira
honesta”, a convicção de estar fazendo certo uma coisa que depois se mostra
errada.
O que seria então tudo
isso que denominamos FC?
Não passa de fantasia.
Fantasia sobre o
passado, fantasia sobre o presente, fantasia sobre o passado. De tipos de
variam de um a 99 % de modificação dos cenários conhecidos. Poderíamos dizer
FT/1 a FT/99, sendo as primeiras obviamente menos imaginativas nos detalhes.
Contudo, como existe gente que não se esforça, mesmo 99 % de alteração podem
não significar uma fantasia realmente agradável, suculenta, deliciosa, como,
digamos, essas do J.R.R. Tolkien, do Frank Herbert, do Isaac Asimov, do Arthur
Clarke (coloco “do” e não “de” porque de tanto ler me sinto íntimo deles). Para
obter uma tabela ou classificação seria preciso percorrer obra a obra com um
quadro de quesitos do modelo ou algo mais completo ainda, avaliando as coisas.
Evidentemente não chega
a 100 % PORQUE a pessoa deve usar uma língua, mesmo inventada (portanto tem
algum gênero de estrutura) para ser entendido.
Os níveis de complexidade
podem ser cinco, de mágico/artístico a teológico/religioso a
filosófico/ideológico a científico/técnico a matemático. Intrincadíssimos os
cenários, até. Os de Duna, de Frank
Herbert, são bem intrincados, o que os dois filmes coiós feitos até agora nem
de longe tocaram.
Mas é tudo fantasia.
Só porque o autor fala
em antigravidade e naves espaciais, não seria? Claro que é! Fantasia da braba,
mesmo. Qual é a ciência de falar de impulsão de íons? Principalmente depois dos
pesquisadores terem proposto a teoria dos íons, não há nenhuma. Ou em cérebro
positrônico, como Asimov para seus engraçadíssimos robôs?
Não há nenhuma
explicação correlativa dos elementos de relação, ou seja, nenhuma dialógica,
diálogo de universo, para o quê, é certo, seria necessário construir todo um
universo, e aí ele já seria real, não ficcional. Mas a ficção, como já falei,
divide-se em dois super-ramos, o real, que é o de fundo psicológico sobre o
real que conhecemos, daí um reflexo espelhar mais ou menos distorcido, retratando
os humanos, e as variantes virtuais, onde se modifica de um a 99 % de tudo.
Pois, veja bem, no conto
eles listam os animais para saberem em que período estão; ora, se fosse
possível “viajar no tempo”, as pessoas deveriam ir a endereço espaçotemporal
certo, precisamente século, década, ano, mês, semana, dia, hora, minuto,
segundo e qualquer infinitesimal instante, porque qualquer variação colocaria o
transporte no espaço, dentro do solo, no fundo do mar, etc., como eu já disse
há décadas.
Vitória, quinta-feira,
30 de maio de 2002.
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