Wuvei
Brasileiro
Há
uma música brasileira cantada pela Joyce que diz assim: “a mente quieta, a
espinha ereta e o coração tranqüilo”, que não sei de quem é.
Em todo caso, é
oportunidade de raciocinarmos sobre a chance de aparecimento disso que denominei
“wuvei brasileiro”. Wuvei é “inação” no taoísmo, surgido na China por volta de
600 antes de Cristo. Wuvei não significa não-ação, que é o contrário de ação,
sendo esta obra, ato, atuação. Não-ação seria não obrar, não agir, não atuar,
não movimentar (nem a si nem ao ambiente), estar parado.
Wuvei não é isso.
É ação na não-ação e
não-ação na ação, é caminho do centro, como a China se diz o Império do Centro,
no sentido de equilíbrio = T = TAO, na Rede Signalítica. É estar parado em
movimento e estar em movimento, parado. É agir no momento certo e só fazer o
mínimo necessário, o suficiente de máximo rendimento.
Ora, o que precisamos
para o minimax, máximo com mínimo?
A receita está dada na
música.
1) a mente quieta: raciocínio minimax.
2) a espinha ereta: postura minimax;
3) o coração tranqüilo: percepção minimax.
Pela MENTE QUIETA devemos ter um
modelo de mundo sem excesso de categorias, como pedia Ocam. Pela ESPINHA ERETA
devemos manter-nos firmes em nosso propósito ou linha-de-vida, categoricamente
decididos a trilhar o caminho desde cedo estabelecido. Pelo CORAÇÃO TRANQÜILO
devemos seguir nossa criação, estando em harmonia com o ambiente onde vivemos
sem sujeição, com agudeza de espírito.
Então, é uma excelente
receita de vida.
O raciocínio ou
entendimento ou inteligência ou juízo calado, sem rebuliços, sem tropeços, sem
abusos, sintanalisando os objetos, os ambientes e as pessoas sem ataques de
orgulho de si ou desprezo aos outros.
A postura ou atitude, ou
caráter ou estilo, ou jeito ou opinião, ou maneira de ser ou posicionamento
digno, correto, honesto, honrado, incorruptível, sem soberba, sem empáfia, sem
fatuidade, colada à nobreza do ser e do ter, do estar-no-mundo.
A percepção ou apreensão,
ou sensação ou entendimento, ou abrangência aguda sem ser excessiva ou
exagerada, mantendo-se rente à utilidade perfeita.
No conjunto isso é o
próprio taoísmo, e é budismo também, uma receita poderosa do Oriente. E leva ao
melhor do cristianismo, aquilo mesmo que Cristo pregou, ou seja, concepção,
conceituação ou razão perfeita, dignidade ou decoro ou compostura ou nobreza de
gestos ou brio perfeito, e percepção perfeita do todo. Mente ou inteligência ou
razão quieta, coração ou memória ou sentimento tranqüilo e espinha ou
equilíbrio ou controle/comunicação ereta, ou T, entre mente e corpo, as
“trezentas mil folhas tremendo na árvore tranqüila”.
Quem poderia querer mais
que isso?
A Joyce diz: “monsieur
Binot, aprendi a sua lição, respirar sempre pelo nariz”, etc. Enfim, a letra é
um sacramento da sabedoria musical nacional. Induz todo um estado do
SER/TER/ESTAR belíssimo, que poucos ouvirão e muito menos seguirão.
Vitória, domingo, 16 de
junho de 2002.
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