Saturday, December 14, 2013

A Barriguinha das Menininhas (da série Material Sensível, grupo MCES Modelo da Caverna para a Expansão dos Sapiens)


A Barriguinha das Menininhas

 

                               Antes do Modelo da Caverna (para a Expansão dos Sapiens) era muito difícil explicar por quê as jovens, cada vez mais cedo, estavam ficando grávidas E TENDO OS FILHOS, pois existem as pílulas, que todas conhecem; há a possibilidade do aborto (embora eu seja contra, mas não estou lá); vários métodos para não engravidar; e no geral muito mais informação do que antes.

Então, porque estão engravidando aos 17, 16, 15, 14, 13 e até mais cedo? Não é lógico, pelas convicções antigas. Por quê se sujeitam a desde muito cedo carregar um filho por tantas décadas à frente, com ou sem marido (agora, mais frequentemente, sem; as crianças ficam com os pais e mães, os avôs e as avós)?

                               O Modelo da Caverna diz que elas ficavam desde cedinho observando as mães e sonhando com serem elas mesmas mães; que essa coisa de boneca já é o filho que aspiram, desde garotinhas, ter; que isso foi plantado muito fundo pela Natureza e é uma disposição hormonal extraordinariamente compulsiva e potente; que elas farão DE TUDO para engravidar; que o propósito do corpo feminino (isso se refletirá inclusive nos pseudomachos, que simbolizarão a gravidez e sonharão estarem tendo filhos) é parir continuamente 10, 15, 20, 25 filhos ou o que for possível, ano após ano.

É uma compulsão irresistível.

Elas apenas estão sendo liberadas para exercer o imperativo. Na medida em que Margareth Mead proporcionou a válvula de escape que a sociedade ocidental aspirava, no sentido de desafogar sexualmente a desobediência dos filhos e filhas em relação a pais e mães, a válvula aberta meramente deixou vazar, tanto através das meninas quanto dos meninos, não se devendo esquecer que eles também estão “engravidando”, pois contribuem no ato.

                               Aquilo que era um furinho virou um buraco enorme, por onde escapole a antiga ânsia implantada pela Natureza. Será difícil desfazer, pois defensivamente elas se especializarão em mimetismos que garantam a satisfação das vontades ancestrais. Não é à toa que as mães davam bonecas, pseudofilhos com que as meninas podiam brincar; e não davam aos meninos porque meninos não parem, não entram em trabalho de parto. Não era segregação coisa nenhuma, era pura utilidade.

                               Vitória, quarta-feira, 12 de janeiro de 2005.

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