A
Bandeira das Menininhas
Como já vimos no
Modelo da Caverna para a Expansão dos Sapiens (MCES), as mulheres coletoras
controlavam de 80 a 90 % da Caverna geral e tudo girava em torno dos garotos,
que aos 13 anos davam o assustador salto desde cima (desde a superproteção da
mãe dominante e seu grupo de aduladoras, com as mães num segundo círculo) para
baixo até o círculo dos homens caçadores onde eram recebidos com total
indiferença e completo desprezo pelos guerreiros, começando do degrau mais
baixo, ou seja, abaixo de zero, no zero ficando os últimos homens.
Já as meninas
eram enxotadas e enxovalhadas, ficando abaixo dos cachorros, porque de pronto
eram competidoras dos vasos oficiais de depósito, quer dizer, as mães, com a
enorme vantagem de serem belas e não terem inaugurado sua vida sexual (isso
passou através dos milênios e foi superestimado como virgindade até
recentemente). Eram mesmo expulsas e maltratadas, fazendo os piores serviços,
piores mesmo que os das inférteis, que pelo menos podiam fazer sexo com os
garotos na iniciação destes.
Ora, o modelo diz
pela soma zero dos pares polares oposto-complementares que se os garotos davam
esse salto extraordinário, não conhecido das menininhas, por outro lado as
meninas davam um outro salto também fantástico, porque tinham de usar os mais delirantes
artifícios para roubar os homens válidos e fazer sexo que as catapultasse à
condição de mulheres (as que tinham sido autorizadas a fazer sexo) e,
principalmente, mães (as mulheres que tinham sido autorizadas a ter filhos,
pois tudo era muito controlado – as cavernas ocupáveis eram poucas e
ciumentamente possuídas).
Então, o que elas fariam?
Mentiriam.
Mentiriam muito, por palavras e
atos, por gestos, por meneios, de todo modo possível e imaginável, tanto para
se protegerem quanto para conseguirem o supremo bem, o homem, o fecundador, o
depositante. Creio que quando os pesquisadores começarem a realizar as buscas
de campo desnudarão milhões de artifícios praticados pelas menininhas no
sentido de “conseguir seu homem” e passar à condição de mulher e mãe.
E a dialética diz
que alguém, tão desfavorecido assim, tem muitos motivos para crescer, quer
dizer, para constituir família a quase qualquer custo e amealhar futuro,
tornar-se mãe. Acredito agora que grande parte da produção humana visa
satisfazer as angústias das menininhas em sua duríssima condição antiga. Isso
não morreu, continua no inconsciente coletivo.
Vitória,
quinta-feira, 07 de abril de 2005.
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