Sunday, December 01, 2013

Parte da População (da série Cometários)


Parte da População

 

Segundo o senso de 2010 a população brasileira ficou em torno de 186 milhões (mais alguns milhares que nada significam em termos de certeza científica): todos os números abaixo deste são “parte da população”, até chegar em 1. Um habitante também é parte da população.

Então, esse conceito é inútil. Ele não distingue nada. Não gradua: dizer “parte da população” tanto serve para 50 milhões quanto para 50.

“População” é útil, mas “parte da população”, não.

O “todo da população” também é vão, pois população já significa isso; do mesmo modo “o total da população”.

Os acadêmicos da língua, aqueles que a estudam não são responsáveis apenas pela correção ortográfica, a das palavras, mas também pela lógica lingüística, a lógica-dialética.

Por exemplo, há as redundâncias.

Os jornalistas do Espírito Santo adoram dizer “teto máximo” e “piso mínimo”, porque querem esbanjar erudição. Como se pode pensar, mesmo nos extremos do apuro, mesmo com as “palavras difíceis” a língua é muito pura, muito enxuta, ela é lógico-dialética, extremamente seca.

E bela, claro.

É da maior importância ensinar a língua todos os anos da escola (jardim, pré-primário, primeiro e segundo graus, universidade, mestrado, doutorado e pós-doutorado) E A FUNDO, com muita seriedade.

O anúncio gramatical-sintético da língua é a mais depurada declaração lógico-dialética, é o anúncio de fundo do universo (em cada falar), é o próprio falar de i Deus-Natureza.

Ora, tirar da língua-falada esses excessos não apenas fará bem a todos e cada um como também fará sentido perante os povos do mundo. Um povo grande como o brasileiro não pode continuar depauperado linguisticamente.

Serra, terça-feira, 23 de agosto de 2011.

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