Saturday, December 14, 2013

Praça-Terreirão (da série Material Sensível, grupo Praças Psicológicas)


Praça-Terreirão

 

                               No Modelo da Caverna para a Expansão dos Sapiens (MCES) fomos sucessivamente organizando as percepções em torno da idéia de homens (machos e pseudofêmeas) caçadores e mulheres (fêmeas e pseudomachos) coletoras, grupos exclusivistas, os primeiros indo e as segundas ficando, o que foi misturado quando do assentamento dos homens pela agropecuária-extrativismo primitiva inventada pelas mulheres.

                               As mulheres ficavam na caverna, que organizavam minuciosamente para 80 a 90 % de todos, indo somente 20 a 10 % da tribo.

Dentro era tudo superdeterminado e na frente ficava o terreirão excludente, que excluía os animais e os vegetais. Penso que as mulheres procuravam arrancar todas as plantas que poderiam fornecer abrigo a insetos e vermes, inclusive cobras, porque eles eram os grandes inimigos dos queridinhos, os garotos e para protegê-los os gatos e cachorros de boca pequena foram incorporados.

A CAVERNA (certamente não ficava debaixo d’água, porque o nível do mar esteve muito mais baixo; diante da boca ficava o terreirão) – as marcas de passagem humana ainda devem estar lá, tanto dentro da caverna quanto no terreirão defronte.


UM TERREIRÃO DIANTE DE CAVERNA (talvez você não reconheça de pronto, porque é chamado agora de PRAÇA e a caverna diante dela é uma construção contemporânea)


O terreirão não era apenas espaço diante da caverna, era ESPAÇOTEMPO PSICOLÓGICO, humano e humanizante, racional, para pensar a tribo e a coletivização que as mulheres foram construindo na ausência dos homens.

 Isso não aconteceu com nenhuma espécie na Terra, fora os humanóides, no interior dos quais as mulheres foram alçadas a um papel proeminente, de condutoras da espécie por pelo menos cinco milhões de anos até o assentamento realizado nas pós-cavernas, nas pré-cidades e nas cidades desde Jericó há apenas 11,5 mil anos.

Então, para resumir, o terreirão era o INSTRUMENTO HUMANO DE SOCIALIZAÇÃO, através do qual a pré-humanidade foi tornada humana, porque conversava, porque desenvolvia a língua, porque freqüentou ali a primeira escola.

ERA ASSIM (as aldeias indígenas atuais são desenhos das antigas pós-cavernas e pré-cidades, mas o terreirão comum diante da taba ou do conjunto delas é representativo do terreirão civilizador)


TODAS AS PRAÇAS E PARQUES DE HOJE SÃO EVOCAÇÕES DO TERREIRÃO (a nostalgia é imensa, ainda que não se saiba identificar de onde vem) – nos lembramos daqueles tempos de milhões de modos diferentes. Ainda pagamos tributo àquela vida de antigamente e não somos felizes senão em coletividade. Quanto mais praças e parques fizerem mais felizes seremos.


Não há felicidade fora da vida coletiva, porque as mulheres passavam ali toda a sua vida, do colo até morrer, exceto quando saíam para constituir nova caverna e colméia; e os homens ficavam ali até os 13 anos, quando eram desgarrados para se tornarem guerreiros por proteína grande, voltando sempre com uma saudade imensa, inesgotável.

Assim fomos formados e assim seremos para sempre.

Quando a humanidade for ao espaço profundo a Terra será o terreirão.

Vitória, 25 de fevereiro de 2007.

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