Saturday, December 14, 2013

Praças Privadas (da série Material Sensível, grupo Praças Psicológicas)


Praças Privadas


 

                        Fica até estranho falar assim, porque só conhecemos praças públicas. Nunca ouvi falar de uma só praça privada ou parque privado, empresarial que não seja um quintal interno, cercado, destinado aos funcionários.

                        Hoje, subitamente, pensei nelas quando meu filho se sentiu entediado. Poderiam ser destinadas às idades (bebês, crianças, adolescentes, adultos e idosos); aos sexos (mulheres e homens); às raças, desenhados para negro-africanos, para branco-europeus, para amarelo-asiáticos, para vermelho-americanos, para mestiços, para todos juntos.

Poderiam ser muito variadas.

Somente cercados, com flores, árvores de frutos e de sombra, grama, arranjos. Com bares e restaurantes. Com lojas, como centros de compras abertos. Com estacionamento em volta. Com recantos, com lagos, com observatórios, uma infinidade de soluções.

O que fazem os jovens que precisam conversar sobre os rumos de suas vidas e o futuro, sobre sua inserção no mercado de trabalho e as parcerias sexuais? Aonde iriam se distrair? No tédio procuram drogas, gangues, diversões perigosas, quando poderiam perfeitamente estar freqüentando tais lugares amenos. Com psicólogos, com professores de ginástica, com avôs e avós que queiram dar conselhos, com filmes, com documentários, com exposições.

Grandes feiras, grandes acontecimentos.

E igualmente para jovens mulheres solteiras ou casadas, para escritores e artistas de um modo geral, para celebrações da Vida, para religiosos, o mercado é praticamente ilimitado, além de virgem.

Infinito planejamento no futuro.

Vitória, terça-feira, 14 de janeiro de 2003.

 

No comments: