Praças
de Conversação
O Modelo da
Caverna aponta nitidamente que a conversação dos homens (machos e pseudofêmeas)
é linear e pontual, dirige-se EM FLECHA a um alvo, um ponto-indivíduo de cada
vez, ao passo que a das mulheres (fêmeas e pseudomachos) é volumétrica e plana,
não se dirige aos indivíduos, um em cada pronunciamento e sim a todos, à
coletividade.
AS MULHERES FALAM
PARA O AMBIENTE, para todos e para ninguém e devem fazer isso TODOS OS DIAS o
dia todo 365,25 dias por ano, todos os anos de sua vida.
A conversação é outra natureza delas
e é quantitativa – a mulher irá falar por falar, sem ter nada que dizer, o que
nos leva à estranha constatação de que nas repartições devem ser colocados
vários telefones azuis para elas, mesmo que seja só uma, e só um, talvez
vermelho, para os homens todos, por mais que estes sejam.
Como o casamento
monogâmico colocou uma só mulher com um só homem, elas padecem muito e podem
até adoecer, podem literalmente endoidar, ficar pinel mesmo, totalmente zuretas
se não falarem muitos dias seguidos, enquanto os homens podem ficar dias sem
falar com ninguém, porque as tocaias de caça exigiam isso (poderemos testar as
pseudofêmeas; ou, conhecendo uma taxativamente, avaliar a tese com ela). Já as
mulheres ficavam todas juntas e tinham VÁRIOS PLANOS DE DOMÍNIO:
1. plano das fêmeas (trato da
gravidez);
2. plano dos pseudomachos
(administração da reserva de esperma);
3. plano das meninas (inimigas
treinadas para substituição);
4. plano dos meninos (os xodozinhos da
caverna);
5. plano dos velhos e das velhas;
6. plano dos doentes, dos aleijados;
7. plano dos anões e das anãs;
8. plano dos animais domésticos (uma
fala especial se destinava aos gatos e aos pequenos cachorros; se é certo que
conviviam juntos dentro da caverna, os gatos eriçarão o pelo para os cachorros
grandes, mas não para os pequenos), etc.
O casamento monogâmico tirou isso
delas e elas adoeceram.
A sociedade pós-contemporânea deve
lhes devolver essa coisa, criando praças especiais em que elas possam ir só
para conversar, PRAÇAS DE COLETA (embora nada haja lá para levar para casa) que
tenham uma entrada imitando a boca da caverna.
Vitória,
quinta-feira, 29 de janeiro de 2004.
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