Friday, December 13, 2013

Praças de Conversação (da série Material Sensível, grupo Praças Psicológicas)


Praças de Conversação

 

                               O Modelo da Caverna aponta nitidamente que a conversação dos homens (machos e pseudofêmeas) é linear e pontual, dirige-se EM FLECHA a um alvo, um ponto-indivíduo de cada vez, ao passo que a das mulheres (fêmeas e pseudomachos) é volumétrica e plana, não se dirige aos indivíduos, um em cada pronunciamento e sim a todos, à coletividade.

                               AS MULHERES FALAM PARA O AMBIENTE, para todos e para ninguém e devem fazer isso TODOS OS DIAS o dia todo 365,25 dias por ano, todos os anos de sua vida.

A conversação é outra natureza delas e é quantitativa – a mulher irá falar por falar, sem ter nada que dizer, o que nos leva à estranha constatação de que nas repartições devem ser colocados vários telefones azuis para elas, mesmo que seja só uma, e só um, talvez vermelho, para os homens todos, por mais que estes sejam.

                               Como o casamento monogâmico colocou uma só mulher com um só homem, elas padecem muito e podem até adoecer, podem literalmente endoidar, ficar pinel mesmo, totalmente zuretas se não falarem muitos dias seguidos, enquanto os homens podem ficar dias sem falar com ninguém, porque as tocaias de caça exigiam isso (poderemos testar as pseudofêmeas; ou, conhecendo uma taxativamente, avaliar a tese com ela). Já as mulheres ficavam todas juntas e tinham VÁRIOS PLANOS DE DOMÍNIO:

1.       plano das fêmeas (trato da gravidez);

2.       plano dos pseudomachos (administração da reserva de esperma);

3.      plano das meninas (inimigas treinadas para substituição);

4.      plano dos meninos (os xodozinhos da caverna);

5.      plano dos velhos e das velhas;

6.      plano dos doentes, dos aleijados;

7.      plano dos anões e das anãs;

8.      plano dos animais domésticos (uma fala especial se destinava aos gatos e aos pequenos cachorros; se é certo que conviviam juntos dentro da caverna, os gatos eriçarão o pelo para os cachorros grandes, mas não para os pequenos), etc.

O casamento monogâmico tirou isso delas e elas adoeceram.

A sociedade pós-contemporânea deve lhes devolver essa coisa, criando praças especiais em que elas possam ir só para conversar, PRAÇAS DE COLETA (embora nada haja lá para levar para casa) que tenham uma entrada imitando a boca da caverna.
Vitória, quinta-feira, 29 de janeiro de 2004.

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