Sunday, December 01, 2013

Tudo que Patifazias (da série Cometários)


Tudo que Patifazias

 

A coletânea aparentemente encomendada Os Apóstolos (Doze revelações), São Paulo, Nova Alexandria, 2002, vários, que comprei num sebo a R$ 5,00 traz num dos capítulos, iniciado na página 77, o conto Evangelho de Tomé por seu autor, Deonísio da Silva.

É um desses que atacam Cristo e a Igreja.

COLOCANDO AS PASSAGENS E COMENTANDO

PÁGINA
CITAÇÃO
COMENTÁRIO
78
“tudo era motivo de pânico”
O texto mostra os apóstolos como fracos e covardes, assustando-se com tudo e nada, contra as provas históricas.
79
“A própria família de Jesus falira depois que José morreu”.
Não há provas disso nem nos evangelhos nem em qualquer lugar (por indicação José era carpinteiro e a família bem pobre: como se pode “falir” nessas condições?)
79
“Maria Madalena era a mais boquirrota, como toda viúva que não guarda discrição”.
Outra vez a estória do presumido casamento de Jesus com Madalena. Diz que ela era “indiscreta”, o que nunca se soube e a chama de Madá, como qualquer, de que se fosse íntimo.
80
“Foi Paulo, com sua incontestável superioridade intelectual, quem conseguiu controlar um pouco a arrogância de Pedro embutida naquela humildade exagerada”.
Pedro parece um bronco, mas não é o que desponta nos Atos dos Apóstolos, nem seria de se esperar de alguém que liderasse os apóstolos.
80
“(...) Pedro, o mais louco de todos e o mais impulsivo”.
No pensar desse deus Deonísio, todos os apóstolos eram loucos e Pedro “o mais louco de todos”. Que origem para o Cristianismo esta seria! E de algo capaz de arrostar dois mil anos de ataques furiosos.
80/84
“Jesus, tirado da cruz, foi levado a curandeiros clandestinos”.
 
“Só ressuscita quem não morreu de todo, quem ainda tem um pouquinho de forças para reerguer-se depois de caído”.
A sugestão é de que a ressurreição foi uma farsa.
84
“(...) sem a ciclotimia que tanto o caracterizava até então. Uma hora, louvando os mansos de coração, abençoando os pacíficos, pregando amor, e dias depois, proclamando que viera trazer a guerra ao mundo, não a paz, como quando expulsou os cambistas do templo”.
A ciclotimia é uma doença de oscilação muito rápida de humor, mas aqui mesmo, logo abaixo, o autor diz que a outra manifestação deu-se “dias depois”, em outras situações: se em situações tão distintas as pessoas adotassem o mesmo comportamento, aí sim é que seria preocupante.
85
“’A Morte de João Batista’, encenando a decapitação do precursor que, se não tivesse morrido, teria sido o líder de tudo o que houve. Jesus foi um sucessor dele”.
“Um sucessor”, qualquer. No entanto, João Batista dizia nem ser merecedor de amarrar as sandálias de Cristo.
86
“Sem os narradores dos Evangelhos, Jesus não teria existido”.
Se não tivesse sido de um jeito teria sido de outro. Ora, se a semente faz a árvore, que faz os frutos que contém sementes devemos dizer que estas sementes é que são a origem da primeira e da árvore? Buda não teria existido sem seus comentaristas? Ou Sócrates sem Platão? Ou Gandhi sem seus discípulos?
85
“(...) às vezes é um detalhe que salva ou põe a perder um texto inteiro”.
Isso vale para o deus ou semideus Deonísio. Pequeno deus Deonísio.

Enfim, a perfídia é grande, em todo espaço e todo tempo, mas há alguns privilegiados em termos de blasfêmias e patifarias.

Vitória, terça-feira, 21 de setembro de 2010.

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