Tudo
que Patifazias
A coletânea aparentemente encomendada
Os
Apóstolos (Doze revelações), São Paulo, Nova Alexandria, 2002, vários,
que comprei num sebo a R$ 5,00 traz num dos capítulos, iniciado na página 77, o
conto Evangelho de Tomé por seu autor, Deonísio da Silva.
É um desses que atacam Cristo e a
Igreja.
COLOCANDO
AS PASSAGENS E COMENTANDO
PÁGINA
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CITAÇÃO
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COMENTÁRIO
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78
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“tudo era motivo de pânico”
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O texto mostra os apóstolos como fracos
e covardes, assustando-se com tudo e nada, contra as provas históricas.
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79
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“A própria família de Jesus falira
depois que José morreu”.
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Não há provas disso nem nos
evangelhos nem em qualquer lugar (por indicação José era carpinteiro e a
família bem pobre: como se pode “falir” nessas condições?)
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79
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“Maria Madalena era a mais
boquirrota, como toda viúva que não guarda discrição”.
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Outra vez a estória do presumido
casamento de Jesus com Madalena. Diz que ela era “indiscreta”, o que nunca se
soube e a chama de Madá, como qualquer, de que se fosse íntimo.
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80
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“Foi Paulo, com sua incontestável
superioridade intelectual, quem conseguiu controlar um pouco a arrogância de
Pedro embutida naquela humildade exagerada”.
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Pedro parece um bronco, mas não é
o que desponta nos Atos dos Apóstolos, nem seria de se esperar de alguém que
liderasse os apóstolos.
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80
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“(...) Pedro, o mais louco de
todos e o mais impulsivo”.
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No pensar desse deus Deonísio,
todos os apóstolos eram loucos e Pedro “o mais louco de todos”. Que origem para
o Cristianismo esta seria! E de algo capaz de arrostar dois mil anos de
ataques furiosos.
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80/84
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“Jesus, tirado da cruz, foi levado
a curandeiros clandestinos”.
“Só ressuscita quem não morreu de
todo, quem ainda tem um pouquinho de forças para reerguer-se depois de
caído”.
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A sugestão é de que a ressurreição
foi uma farsa.
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84
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“(...) sem a ciclotimia que tanto
o caracterizava até então. Uma hora, louvando os mansos de coração,
abençoando os pacíficos, pregando amor, e dias depois, proclamando que viera
trazer a guerra ao mundo, não a paz, como quando expulsou os cambistas do
templo”.
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A ciclotimia é uma doença de oscilação
muito rápida de humor, mas aqui mesmo, logo abaixo, o autor diz que a outra
manifestação deu-se “dias depois”, em outras situações: se em situações tão
distintas as pessoas adotassem o mesmo comportamento, aí sim é que seria
preocupante.
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85
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“’A Morte de João Batista’,
encenando a decapitação do precursor que, se não tivesse morrido, teria sido
o líder de tudo o que houve. Jesus foi um sucessor dele”.
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“Um sucessor”, qualquer. No entanto,
João Batista dizia nem ser merecedor de amarrar as sandálias de Cristo.
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86
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“Sem os narradores dos Evangelhos,
Jesus não teria existido”.
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Se não tivesse sido de um jeito
teria sido de outro. Ora, se a semente faz a árvore, que faz os frutos que
contém sementes devemos dizer que estas
sementes é que são a origem da primeira e da árvore? Buda não teria
existido sem seus comentaristas? Ou Sócrates sem Platão? Ou Gandhi sem seus
discípulos?
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85
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“(...) às vezes é um detalhe que
salva ou põe a perder um texto inteiro”.
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Isso vale para o deus ou semideus
Deonísio. Pequeno deus Deonísio.
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Enfim, a perfídia é grande, em todo
espaço e todo tempo, mas há alguns privilegiados em termos de blasfêmias e
patifarias.
Vitória, terça-feira, 21 de setembro
de 2010.
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