Saturday, December 14, 2013

Urbanização Amorosa (da série Material Sensível, grupo Praças Psicológicas)


Urbanização Amorosa

 

                               Acho que a imagem que ficará deste tempo em volta do final do século XX para o futuro é a de desastre, como coloquei há 30 e tantos anos passados a certa moça (ela não acreditou quando falei em Século Negro), em vários sentidos, mas principalmente o da pobreza e da miséria espalhadas, especialmente os lixões e favelas, que são grandes, imensas demonstrações da ineficiência do século e do Conhecimento (Magia-Arte, Teologia-Religião, Filosofia-ideologia, Ciência-Técnica e Matemática) geral.

                               Se, em vez de mapear a cidade dos 20 % (5 % de ricos e 15 % de médio-altos) belgas a que do outro lado correspondem os 80 % (mais de 140 milhões de pessoas agora) hindus do Brasil Belíndia, mirarmos os miseráveis em suas habitações-cortiços, o que veremos?

É um exercício muito interessante que a Academia (universidades e institutos) deve realizar urgentemente.

Veremos a ausência do “centro nobre”, onde ficam os que cooptaram ou foram cooptados pelo modelo civilizatório excludente brasileiro e em volta um anel bem gordo dos que “moram distante”; e isso em todas as cidades do Brasil, mais ou menos, anéis mais gordos ou mais magros, mas sempre aquelas manchas horríveis que denigrem todos os valores positivos que pudéssemos porventura apontar.

                               Em lugar disso e mesmo nos centros urbanos poderíamos ter uma urbanização (ato permanente de urbanizar) amorosa, feita por amor, da parte de todos os tecnartistas (são 22 os até agoraqui identificados) e todas as vertentes do Conhecimento.

Se tivéssemos que amenizar a dor, o que faríamos?

Se considerássemos como se lá estivessem não aqueles e aquelas, mas nós mesmos, o que faríamos?

Que tal juntar os vértices todos do Conhecimento sob estas perguntas? Eis um seminário poderoso, que deveria se repetir a cada ano, com ajuda da mídia (TV, Revista, Jornal, Livro/Editoria, Rádio e Internet).

Os governempresas devem correr, para ver se ainda conseguem impedir o desastre (ele não “vai acontecer”, já está acontecendo desde o primeiro índice de miséria – só está se acumulando a ponto de ruptura).

Fazer ruas-de-conversação, implantar grande número de praças-de-serviço e assim por diante.

                               Vitória, sexta-feira, 03 de outubro de 2003.

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