Sunday, July 17, 2016


Cavalgando o Tsunami

 

Sabe aquele tsunami na Ásia em 2004?

Foi horroroso.

Tinha lá um cara, surfista e economista (estava escrito na camisa, nome e tudo, em inglês, é claro), surfista é para dar ideia de audácia, de valentia inaudita, de enfrentamento corajoso, e economista é para falar de previsibilidade, no conjunto previsões valentes, antevisões atrevidas, presciências arrojadas, essa coisa, você entendeu, ele queria passar uma ideia nos negócios.

Depois fui pesquisar, esse cara trabalhava em Wall Street, a Rua da Parede, o que calhou bem, e isso até a ida dele para as férias, ele estava no lugar exatinho dos acontecimentos, dos eventos, isso foi antes de 2008.

OS EVENTOS DE 2004 (as pessoas não tiveram capacidade de prever, como também não no Japão, nem, diferentemente de lá, treinamento diante de catástrofes ou prontidão governamental no atendimento às vítimas)

http://www.abril.com.br/imagem/tsunami_090307_326x182.jpg
http://www.zerofiltered.com/wp-content/uploads/2014/12/8979985_orig-1560x690_c.jpg
https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/8/80/US_Navy_050102-N-9593M-040_A_village_near_the_coast_of_Sumatra_lays_in_ruin_after_the_Tsunami_that_struck_South_East_Asia.jpg
http://acervo.oglobo.globo.com/incoming/9248001-0fd-62d/imagemHorizontalFotogaleria/2004-077894-_20041227.jpg

Ele não perdeu a esportiva, eu estava olhando por acaso, gravei tudo, o cinegrafista amador filmou, passou sem editarem, a realidade mesmo, ali nas minhas fuças, assim de tampa, bateu na minha cara, um tapa só, vi estrelas, por assim dizer acordei para a vida.

Como ia dizendo, ele não perdeu a pose, não se deu por achado, subiu na prancha com aquela cordinha que não sei o nome amarrada no tornozelo e foi empinadinho sobre a prancha, bunda arriada, pode-se dizer que era até bonito o gestual diante dos elementos em fúria, ele estendeu a mão esquerda para fora e com a direita ia como que batendo num corcel, num cavalo, como se fosse vaqueiro. Lá foi ele na crista da onda, achei até bonito, comecei a rir, a coragem dos seres humanos, essas coisas, eu que sou bem quieto me senti recompensado pela coragem alheia, essas coisas de limites ultrapassados, etc.

Bacana.

Ele foi, foi indo, a onda com velocidade crescente afunilou numa rua, aumentou de velocidade, ele bateu literalmente de cara contra o muro, se espatifou todinho, ui, senti em mim, fiquei aturdido. Acho que não sobrou muito, não deu pra ver, o cinegrafista afastou a filmadora, depois não passaram mais, foi realmente assustador, nem sei porque passaram uma vez.

Estou sem fala até hoje.

Se ele tivesse escapado de 2004 teria sido pego em 2008.

O fato é que não sou cowboy, vou devagar.

Serra, terça-feira, 26 de janeiro de 2016.

GAVA.

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