Saturday, July 16, 2016


Gronk XII: Gronk Pensa Principalmente em Velocidades Superiores

 

Já não ficavam pegando no pé do Gronk, pelo contrário, adquiriam uma certa ternura por ele, ainda davam croques na cabeça ou pescotapas ou petelecos nas orelhas, sem falar em “telefones”, mas tudo muito carinhoso, entende? Até um pouco de admiração, esse idiota é de nossa tribo.

Gronk pensava, sempre com aquele ar aéreo, de vez em quando um predador chegava perto, o pessoal espetava defendendo, ele nem notava, a besta quadrada, achava que tinha sorte. Ou Mirante cutucava ele ou puxava por um braço, “não vai por aí”, ele evitava cair num buraco ou duma pirambeira, teve aquela em que mais adiante estava o bando de hienas supergrosseiras se alimentando de carniça, Gronk ia diretamente pra lá. Tudo hiena de cara feia, dentes arreganhados, até parece que não é de Jacaraípe.

Gronk ficava com aquele ar sonhador dele.

Claro, vivia do comércio das ideias, 17 anos de proteção nas patentes, todo mundo que usava tinha de pagar um percentual.

A turma olhava de canto de olho: olha só o animal! Não é que de dentro da cachola dele sai alguma coisa?

Vira e mexe, Gronk vinha com uma das dele.

GRONK – gente, estive pensando.

Todo mundo olhou, quisesse ou não quisesse, olhou.

BAN (que agora ficava satisfeito do irmãozinho ser apreciado na tribo, principalmente entre as mulheres, que faziam moquecas capixabas para ele nas panelas de barro, pastelzinho de leite, camarões fritos, a tampinha dele era consultada: “será que o Gronk pode pensar uma solução assim e assada? ”) – pensou o quê?

GRONK – não sabem aquela manada que fica passando ao longe?

TATU (em vez de viver na caverna geral como todo mundo o idiota construíra uma tapagem lá fora, coberta com barro, chamava de “casa”, pra que serve isso?) – também pensei.

BAN – ô Tatu, vá ver se eu fui pra Ibitirama.

MIRANTE – Tatu, posso adiantar procê que essa ideia sua vai ser um sucesso mais lá pra frente, depois de Jericó, mas por enquanto estamos ouvindo MEU AMIGO Gronk.

BAN – fala logo, Gronk, meu irmãozinho querido.

GRONK – então, podemos pegar a corda de embira que inventei, o laço que imaginei e jogar neles, prendemos, domesticamos, montamos, eles são herbívoros, fiquei observando, não comem carne, não vão nos comer, ainda são pequenos, podemos selecionar os maiores, vão ficar cada vez mais altos, pernas altas, vão correr pra danar. Com os lobos que domestiquei (vou chamar de “cães”), cada um num cavalo (vou chamar de “cavalo”), com vários cães, podemos usar para caçar.

BAN – sei não, Gronk, como vamos nos manter em cima? Vamos escorregar de um lado para o outro, cair de cabeça. E como vamos conduzir?

GRONK – inventei umas coisas chamadas “cabresto”, “sela”, “estribo”, vai dar certo.

O povo desdenhou.

Gargalhou.

Pura besteira.

Asneira das maiores.

Depois que o Gronk fez, uns três anos adiante não é que funcionava mesmo? No começo foi difícil, alguém se ralou todo, mas toda oportunidade começa como perigo.

OS CAVALOS E OS CÃES DO GRONK

http://postmania.org/wp-content/uploads/2011/05/desenho-cavalo-andando-2.png
O desenho do Gronk, para facilitar a visão da coisa.
http://s2.glbimg.com/RdrwD1X-ddNyeyYN1i4uSCLJ8r8=/e.glbimg.com/og/ed/f/original/2014/01/31/puppy_love.jpg
Gronk ensinando cães e cavalos a conversar, a arte foi perdida. O cão é o da esquerda. À direita o cavalo do cão.

Assim nasceu a TCC, Tribo do Cão-Cavalo, mas esta é outra história, também é interessante.

Serra, terça-feira, 19 de janeiro de 2016.

GAVA.

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