100
Mil Argentinos
Um dos motoristas que
dirige a condução que nos leva ao posto fiscal, Z., disse que ficava indignado
com a pretensão do governo federal de abrir as fronteiras para a entrada de 100
mil argentinos que desejavam migrar para cá. Dizem que, com a recente crise que
por lá grassa, um outro número de 100 mil está catando comida nas ruas, como
indigentes, novos miseráveis.
A Argentina tinha em
1999 36,6 milhões de habitantes. Então 100 mil seriam 0,28 %, ou um em cada 400
argentinos, aproximadamente. Por outro lado, em relação à população brasileira
da mesma época, 164 milhões, seriam 0,06 % ou em cada 1.640 brasileiros.
Quem, num terremoto,
quando a casa do vizinho estivesse desabando ou sendo consumida pelo fogo, se
recusaria a ajudar e a receber os sinistrados em casa?
Quando vejo gente assim
sinto repugnância pelo gênero humano. Penso que todo o trabalho foi perdido.
Ademais, seria preciso
pensar que os argentinos viriam para trabalhar. De modo algum ficariam
inativos, sendo sustentados pelos brasileiros. Argumenta-se que existem muito
mais brasileiros em situação difícil, que os governos e as empresas não ajudam.
De qualquer modo o
modelo-porta diz que 2,5 % de todas as pessoas se recusarão sempre a trabalhar,
no Brasil de 1999 4,1 milhões, 41 vezes o tanto pretendido de argentinos. Não
adianta ajudar, eles não trabalharão, desde ricos e médios-altos a pobres e
miseráveis – sempre serão parasitas (mas isso também é previsto e usado pelo
universo). Ora, os argentinos, pelo contrário, estando em pátria nova,
trabalhariam em dobro, para recuperar o que perderam e crescer na nova
oportunidade.
E quanto aos brasileiros
que estão em má situação quantos, mesmo querendo trabalhar, não encontram a
oportunidade em que se desenvolveriam?
Enfim, nas dobras de
qualquer grande país há sobras tão grandes que podem acomodar muitas vezes 100
mil. E o Brasil é verdadeiramente grande em qualquer sentido.
Espero mesmo que esse
tipo de atitude não prevaleça.
Vitória, domingo, 07 de
julho de 2002.
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