Saturday, November 02, 2013

A Ajuda de Terceiros nos Trabalhos Escolares (da série Expresso 222..., Livro 3)


A Ajuda de Terceiros nos Trabalhos Escolares

 

                        O Callegari é técnico do IDAF, Instituto de Desenvolvimento Florestal, ligado do Ministério da Agricultura e realiza vigilância de divisa verificando os documentos fitossanitários. Tem 24 anos e mora em Nova Venécia, ES, e é tudo que sei dele. Pediu-me que comentasse um texto, do qual falei em A Década Perdida, Livro 3.

                        Quando eu estava no segundo grau em Linhares, meu irmão José Anísio e outros, estando freqüentando a faculdade de direito em Colatina, encomendaram-me uma colagem, um falso estudo, que fiz na Biblioteca Municipal de Linhares, onde tive oportunidade de, pela primeira vez, tomar contato com várias obras de maior vulto, inclusive Shakespeare.

                        Da mesma época foi um trabalho que fiz e coloquei o nome de Joelson Fregona, então colega de estudos, depois formado em odontologia, atualmente trabalhando lá mesmo.

                        E assim por diante, na faculdade coloquei o nome de muita gente, o que me faz pensar sobre o título deste artigo.

                        As pessoas que pedem isso estão realmente “se formando” nos estudos, na faculdade? Estão, claro, se iludindo, porque não testam sua inteligência e memória diante do mundo; não competem pela sobrevivência do mais apto. Não fortalecem os músculos mentais (quem faz isso é quem prepara o trabalho), caem na prostração ou abatimento de encomendarem aos outros a dureza da vida. Evidentemente aquelas pessoas fizeram muitos outros trabalhos, então detém competência própria significativa. Não é uma só tarefa que as qualifica.

                        E a coletividade perde porque atribuiu à pessoa o que ela não é. Num momento de extrema necessidade solicitará e não terá resposta conveniente, adequada, às vezes com grande perda.

                        Evidentemente essa gente não é má, pelo contrário, são todos, até onde posso ver, excelentes indivíduos. Não se trata de julgamento moral ou de valor e sim de compreensão de como o mundo caminha. Ora, eu penso que a própria escola deveria raciocinar, na pedagogia mais alta, que é a filosofia ou a ciência da transferência do conhecimento, e na prática de sala de aula, sobre todo esse processo de encomenda, de escamoteamento. Não se trata de forçar nada e sim de fazer compreender à pessoa de que tanto ela quanto a coletividade, o ambiente, precisam de conhecimento verdadeiro, de respaldo de todo o Conhecimento. Precisamos de pessoas que realmente detenham o conhecimento que a graduação atribui.

                        Quem quer pontes caindo, empresas mal administradas, estremecimento bancário?

                        Pela via da força não vai.

                        É fundamental desde cedo passar carinhosamente a certeza de que ninguém tem nada a ganhar com essa invericidade, inautenticidade, inexatidão, com essa distância entre a afirmação e o fato.

                        Vitória, sábado, 15 de junho de 2002.

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