A
Ajuda de Terceiros nos Trabalhos Escolares
O Callegari é técnico do
IDAF, Instituto de Desenvolvimento Florestal, ligado do Ministério da
Agricultura e realiza vigilância de divisa verificando os documentos
fitossanitários. Tem 24 anos e mora em Nova Venécia, ES, e é tudo que sei dele.
Pediu-me que comentasse um texto, do qual falei em A Década Perdida, Livro 3.
Quando eu estava no
segundo grau em Linhares, meu irmão José Anísio e outros, estando freqüentando
a faculdade de direito em Colatina, encomendaram-me uma colagem, um falso
estudo, que fiz na Biblioteca Municipal de Linhares, onde tive oportunidade de,
pela primeira vez, tomar contato com várias obras de maior vulto, inclusive
Shakespeare.
Da mesma época foi um
trabalho que fiz e coloquei o nome de Joelson Fregona, então colega de estudos,
depois formado em odontologia, atualmente trabalhando lá mesmo.
E assim por diante, na
faculdade coloquei o nome de muita gente, o que me faz pensar sobre o título
deste artigo.
As pessoas que pedem isso
estão realmente “se formando” nos estudos, na faculdade? Estão, claro, se
iludindo, porque não testam sua inteligência e memória diante do mundo; não competem
pela sobrevivência do mais apto. Não fortalecem os músculos mentais (quem faz
isso é quem prepara o trabalho), caem na prostração ou abatimento de
encomendarem aos outros a dureza da vida. Evidentemente aquelas pessoas fizeram
muitos outros trabalhos, então detém competência própria significativa. Não é
uma só tarefa que as qualifica.
E a coletividade perde
porque atribuiu à pessoa o que ela não é. Num momento de extrema necessidade
solicitará e não terá resposta conveniente, adequada, às vezes com grande
perda.
Evidentemente essa gente
não é má, pelo contrário, são todos, até onde posso ver, excelentes indivíduos.
Não se trata de julgamento moral ou de valor e sim de compreensão de como o
mundo caminha. Ora, eu penso que a própria escola deveria raciocinar, na
pedagogia mais alta, que é a filosofia ou a ciência da transferência do
conhecimento, e na prática de sala de aula, sobre todo esse processo de
encomenda, de escamoteamento. Não se trata de forçar nada e sim de fazer
compreender à pessoa de que tanto ela quanto a coletividade, o ambiente,
precisam de conhecimento verdadeiro, de respaldo de todo o Conhecimento.
Precisamos de pessoas que realmente detenham o conhecimento que a graduação
atribui.
Quem quer pontes caindo,
empresas mal administradas, estremecimento bancário?
Pela via da força não
vai.
É fundamental desde cedo
passar carinhosamente a certeza de
que ninguém tem nada a ganhar com essa invericidade, inautenticidade,
inexatidão, com essa distância entre a afirmação e o fato.
Vitória, sábado, 15 de
junho de 2002.
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