Sunday, November 03, 2013

A Iluminação de Truman (da série Expresso 222..., Livro 4)


A Iluminação de Truman

 

                        O filme Truman, O Show da Vida, com Jim Carrey, foi objeto de troça ou foi ignorado pela imprensa e os críticos que, é óbvio, não entenderam bulhufas, como na maior parte do tempo. Eles querem ser diferentes para obter destaque e assim passam ao largo das coisas simples e diretas, que realmente demonstram melhor as oportunidades do mundo.

                        Logo de início, Truman é semelhante a true/man, homem verdadeiro no inglês. Isso todos viram.

                        Depois, Truman, de início um alegre boboca, vai percebendo aos poucos estar enredado numa rede de mentiras, que é o próprio mundo. A capacidade de percepção dele é nitidamente maior que da maioria dos humanos. Mesmo todos sendo no filme atores contratados pelo Autor, que é o Grande Chefe na cúpula de controle ou comunicação, apesar de todos serem atores mancomunados para evitar que Truman perceba, ele saca a jogada mesmo assim, a partir de indícios – a humanidade, pelo contrário, nada percebe.

                        Quando cai o spot ou ponto de iluminação, quando as cenas se repetem, tudo isso vai se somando na cabeça de Truman, de modo que para o fim ele decide enfrentar o mar (do qual tem medo pânico) = MAL, na Rede Cognata, e com medo ou não ele vai em frente, apesar das ofertas do Chefão para um acordo, ou seja, apesar das tentações ele também venceu, como Jesus e Buda.

                        Finalmente Truman descobre os limites da farsa, chega ao Céu e vê que tudo não passa mesmo de farsa. É, portanto, iluminado. Encontra a saída, sem a ajuda de ninguém e até com o desfavor geral.

                        Os críticos nada perceberam, é lógico, como em tantos filmes.

                        Assim, resta por aí uma infinidade de filmes que a imprensa não soube criticar mais que no nível mais superficial, quando existem quatro níveis de observação, fora o matemático. O chato é que tudo fica por conta dos orgulhosos, os tolos. Que ficam por aí verberando besteiras, a título de crítica.

                        Vitória, domingo, 30 de junho de 2002.

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