O
livro de Freeman Dyson, Infinito em
Todas as Direções (do gene à conquista do universo), São Paulo, Best Seller
(Nova Cultural) s/d (provavelmente 1990) tem original de 1988 e traz no artigo 2, Borboletas e Supercordas, p. 23 e ss, especialmente 34 em diante
informações sobre a queda de cometas, como já falei no artigo do Livro 3, Ducha de Cometas.
O livro de Carl Sagan e
Ann Druyan, Cometa, Rio de Janeiro,
Francisco Alves, 1986, tem original
americano de 1985, e é, portanto, anterior ao outro em três anos. Como em
geral são elaborados sobre bases de dados do ano antecedente, o de Sagan/Druyan
refere-se a 1984, enquanto o de Dyson refere-se a 1987.
Enquanto Dyson coloca um
ciclo de 26 milhões de anos, Sagan e Druyan falam em 30 milhões. Estou mais
para acreditar em Dyson, porque, como podemos ler no artigo citado, começando
em 13 milhões de anos (estamos no meio do ciclo) e remontando, podemos chegar a
39, 65, 81 milhões de anos no passado, etc., que coincidem em vários pontos com
as grandes extinções, por exemplo, a de 65 milhões de anos, que extinguiu os
dinossauros. Além disso, os dados de Dyson provém de medições do geólogos.
Sagan/Druyan (S/D)
dizem, p. 298: “(…) descobriu-se que o período entre um cruzamento do plano galáctico
e o outro pelo Sol e seu séquito de planetas e cometas é cerca de 33 milhões de
anos”. Não há jeito de 33 coincidirem com os 26 de Dyson, nem sequer com os 30
de S/D.
Adiante S/D dizem:
“(...) se o Sol tiver uma companheira
invisível em uma órbita específica, as extinções regulares podem então ser
entendidas”, itálico no original. É a hipótese de Nêmeses, dos astrônomos
citados no artigo citado. Então S/D supõe que a estrela companheira esteja a
90.000 UA, coisa de 1,4 ano-luz. Fiz as contas. Se uma UA (unidade astronômica)
vale 150 milhões de km e o ano-luz tem 300.000 x 365,2427 x 24 x 60 x 60 =
9,5.1012 km = 9,5 trilhões de km, então 1 AL = 63.114 UA, seguindo-se
que 1,4 AL = 88.360 UA e não 90.000 mesmo. Chega perto, mas não é igual. Não há
precisão no apontamento de S/D, porém é errado não dar os valores corretos,
pois pode ser induzido o erro.
O 1,4 AL de S/D é
diferente da suposição de Dyson após os astrônomos, de 2,5 AL. Como vimos,
neste último caso a ternária de Centauro competiria com o Sol, vencendo sempre.
E assim como a Lua é satélite duplo, simultaneamente da Terra e do Sol, com
Nêmeses aconteceria o mesmo. Mesmo que Nêmeses girasse em torno do Sol estaria
irremediavelmente sendo atraída pela ternária.
A estimativa de S/D de
1,4 AL coloca a presumida companheira invisível dentro dos 2,15 AL que
constituem a metade da distância de 4,30 AL até a ternária. Como a massa
conjunto do sistema estelar de Centauro é bem maior que o do sistema solar, o
empate gravitacional se aproximaria deste, não sei quanto.
S/D falam da Nuvem de
Öort, que começa logo depois de Plutão, que fica a 7,375 bilhões de km do Sol,
ou 49,2 UA, logo ali em termos astronômicos. A NUVEM INTERNA vai de próximo de
50 UA até 20.000 UA, enquanto a NUVEM EXTERNA vai de 50.000 a 100.000 UA, neste
último caso além dos 90.000 UA da companheira.
S/D dizem que ela se
aproxima até 10.000 UA, 200 vezes além de Plutão, consequentemente dentro da
Nuvem Interior, enquanto o desenho da p. 301 mostra outra coisa, a estrela
vindo de fora e entrando nas Nuvens Cometárias de Öort.
Nessa página S/D dizem:
“Durante seu mergulho no interior da Nuvem de Öort, a estrela companheira
espalharia bilhões de cometas dentro
do sistema solar”, grifo e negrito meus. Na p. 196 dizem: “a estrela
faria um buraco através da Nuvem de Öort, de aproximadamente 1.000 UA, que
seria gradualmente consertado”. E na p. 196: “Se dermos espaço para a Nuvem de Öort
interior, concluiremos que o número total de cometas girando em torno do Sol
pode ser de 100 trilhões”. Mais abaixo: “Mas o número de cometas está
equilibrado na imensidão do espaço ocupado, e a distância típica de um para
outro é em torno de 20 U.A., quase a mesma distância da Terra a Urano”. A do
Sol a Urano é 2.735 milhões de km ou 18,2 UA.
Um diâmetro de 1.000 UA
equivale a um raio de 500 UA, o círculo tendo então A = π.r2 =
3,141592 x (500)2 = 785.398 (UA)2. Como as duas faixas
são de (20 – 10) mil = 10 mil UA e de (90 – 50) mil = 40 mil UA, temos que a
companheira percorreu, somada as parcelas, a distância de (10 + 40) mil = 50
mil UA VEZES a área acima, ou seja, 4,0 . 1010 (AL)3.
Como a distância média
estimada entre dois cometas é de 20 UA, o lado do cubo no qual cada um está
centrado (se tomássemos uma esfera sobraria um espaço que faria diferença no
cômputo) seria de 10 UA e o volume 1000 (UA)3 ou 10 x 10 x 10. NA
VINDA a companheira arrastaria nada menos que 40 milhões de cometas (e não
bilhões), entregaria sua carga no sistema solar e iria embora, NA IDA levando
outro tanto para rearranjar as Nuvens. Como os geólogos estimaram que as
extinções por queda das duchas de cometas duram de um a dois milhões de anos,
supondo um milhão teríamos quatro cometas/ano e supondo dois milhões dois
cometas/ano.
Contudo, S/D citam, p.
297: “Hills prossegue para deduzir que uma estrela de passagem há (SIC) somente
3.000 UA do Sol produziria uma chuva cometária no interior da Nuvem de Öort que
geraria um novo cometa a cada hora nas proximidades da Terra”.
Não dois ou quatro por
ano e sim UM A CADA HORA.
Um desastre total.
Pois mesmo vindo a
apenas 10 mil UA, a gravidade do Sol faria o trabalho e puxaria os cometas. Ainda que fosse apenas dois por ano e a
Terra pegando só um por cento, ainda ficaríamos com um a cada duzentos anos.
Na hipótese mais favorável de apenas um milhão de anos, cairiam ainda cinco mil
na Terra. Como S/D dão a hipótese de cometas de um quilômetro de diâmetro, cada
um abrindo cratera de 10 vezes esse comprimento, seriam CINCO MIL crateras de
no mínimo 10 km pipocando no planeta. Não apenas UM GRANDE de 15 km, mas cinco
mil pequenos num milhão de anos. É difícil imaginar como a Vida se recuperaria
com tão grande e tão constante bombardeio.
Se, como imaginei, Marte
e Lua são os grandes escudeiros da Terra, para não falar no Sol e em Júpiter, detiveram
grande parte do bombardeio, como demonstram as crateras. Ainda assim sobraria
muito.
Parece improvável.
Difícil acreditar que a
companheira toque as Nuvens Cometárias Interna e Externa. O mecanismo parece
ser outro. Se tocasse, o descamamento da Lua, de Mercúrio e de Marte
permitiriam sequenciar as quedas, medindo a descida progressiva dos cometas ou
meteoritos por seus impactos gravados nas superfícies.
S/D dizem que o Sol e
seu sistema (e, naturalmente, toda a constelação de que fazemos parte) encontram
nuvens imensas de poeira. Devemos pensar que o Sol gira a 30 ou 33 mil AL do
centro galáctico em 225 ou 250 milhões de anos, conforme os autores. Se o Sol
tem 4,8 bilhões de anos já fez de 21 a 19 voltas em torno da Galáxia. Como
estrelas vivem explodindo por ai, nos tempos astronômicos, produzem gás e
poeira interestelar aos montes. Eventualmente essa passagem pode acontecer.
Entrementes o Sol e a constelação estão passando na mesma região do céu,
formando um toróide circular, um anel oco, no qual já passaram pelo menos 20
vezes. Não pode restar muita coisa, mesmo com as explosões. Qual a chance delas
ocorrerem precisamente no caminho?
Por outro lado, no caso
da companheira, com período de 26 milhões de anos, na idade do Sol ela teria
feito o caminho 185 vezes; quantos cometas ainda estariam na posição dentro do
toróide?
S/D dizem na p. 304:
“Haveria uma situação mais desastrosa do que a provocada por uma chuva de
cometas se Nêmeses fosse perturbada em uma órbita que a levaria para dentro do
sistema planetário. Neste caso, poderia
separar diretamente alguns planetas do sistema solar. Deixaria os
remanescentes em órbitas altamente excêntricas que produziriam uma situação
perigosa, de movimentação rápida... Uma Nêmeses com um eixo semimaior de 90.000
U.A. é perigosa para a vida na Terra, mas uma no bordo interior da Nuvem de Öort
provavelmente produziria uma catástrofe de proporções verdadeiramente
cosmológicas”, (J. G. Hills, Coerções
Dinâmicas na Massa e na Distância do Periélio de Nêmeses e a Estabilidade de
sua Órbita, Nature, volume 311, p. 636, 1984), grifo meu.
Como colocado em Ducha de Cometas, meu pensamento é que
Nemêsis fica para cima (ou para baixo) da eclíptica galáctica, entrando mesmo
no sistema solar, e que o Cinturão de Asteroides (muito menor que as Nuvens de
Öort) é que é perturbado fortemente. Ou o CA é uma faixa relativa a um mundo
não formado, ou destruído, ou é o depositório de cometas extintos captados pelo
Sol, ou é simplesmente o lugar de formação dos meteoritos, a partir da protonuvem
que deu lugar ao sistema solar.
Indica isso pensar que
Próxima do Centauro orbita a dupla-estrela a uma distância de 10 mil UA, sendo
vista da Terra, a mais de 270 mil UA, correspondendo aos 4,3 AL até o conjunto,
desde o Sol. A companheira deveria ser muito
escura, realmente, para passar totalmente desapercebida a apenas 90 mil UA,
1/3 da distância acima. Como é que Próxima (de 11ª. magnitude, brilhando 20 mil
vezes menos que o Sol, diz Rogério Ronaldo de Freitas Mourão, em seu livro, Dicionário Enciclopédico de Astronomia e
Astronáutica, Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 1987, p.653) é vista a três a
distância da companheira, e esta não?
Como, dizem os autores,
a companheira estaria no ponto mais distante, a gente no meio do ciclo, 13
milhões de anos antes e daqui a 13 milhões de anos, ela só pode estar fora do
plano, dificilmente na perpendicular, mais certo que inclinada, deitando-se
progressivamente para o plano. Não é uma estrela, é um planeta estranho.
Se entra dentro do
sistema solar, inclusive dentro do SS interior, junto aos terrestróides, pode
mexer constantemente com o Cinturão. Pode até ter deslocado a Lua, antes um
planeta ou um satélite de Júpiter ou Saturno, para a posição atual, PORQUE a
Lua NUNCA pertenceu mesmo à Terra, nunca esteve sob domínio desta (veja o
artigo do Livro 3, A Luta pela Posse).
Tudo que está até 23
milhões de quilômetros de Júpiter é exclusivamente dele. Já vimos que Nemêsis
não pode ser uma estrela, ou brilharia e já teria sido descoberta pelos
astrônomos (que, no meu modo de pensar, estão olhando na direção errada; mas,
se ela brilhasse, seria descoberta de qualquer modo, estando em qualquer
direção – não é uma estrela, é um planeta). Para disputar gravitacionalmente
com o Sol deve passar bem perto do Cinturão e SER GRANDE, caso passe além do
Cinturão. Se passar antes, o seu campo se somaria ao do Sol para atrair para
este os meteoritos. Júpiter não tem autoridade gravitacional sobre o Cinturão,
ele é do Sol. Se a companheira passasse além do Cinturão (mas perto dele para
arrastar para fora os meteoritos, contra o puxão solar), levaria os meteoritos
todos com ela, não sobraria nenhum para o SS; com o tempo incorporaria os
meteoritos e ficaria cada vez maior.
É só se passar DENTRO DO
SISTEMA SOLAR INTERIOR que a companheira somará seus efeitos ao do Sol,
deslocando os meteoritos para baixo ao descer e para cima ao subir (ou
vice-versa). Sendo ela bem menor, o Sol capturaria os meteoritos
progressivamente, puxando-os de volta para a eclíptica, de onde eles cairiam
nos poços gravitacionais dos planetas e da Lua. Como a companheira teria ido
parar numa órbita diferente da eclíptica?
É preciso lembrar também
que há o Enxame de Meteoritos em torno da Terra. Em torno do Sol, mais
propriamente, pois a Terra é um apêndice (fundamental) do Sol. Milhões e
milhões dos pequeninos, dos quais foram cartografados poucos, até agora. Ora, a
companheira mexeria com isso tudo, baralhando as coisas tremendamente, a cada
26 milhões de anos. Como o campo gravinercial do SS-interior reorganizaria tudo
para não acontecerem quedas indiscriminadas? As perguntas colocam testes ainda
mais sérios.
Pois agora teríamos:
1) é
um planeta (pequeno
se dentro, grande se fora do SSI):
2) passa
perto do Cinturão de Asteroides,
ou em sua extrema velocidade (num plano inclinado) não teria tempo de arrancar
nada de relevante;
3) transtornou
a posição da Lua
(que talvez fosse satélite de um dos mundos grandes ou fosse um planeta
independente), que tem idade maior que a da Terra;
4) como dizem os autores, tem fertilizado a Vida na Terra, permitindo
mutações “rápidas”, a cada 26 milhões de anos, desde muito antes, passando
pela Explosão Cambriana até o começo dos dinossauros há 250 milhões de anos e a
extinção deles há 65 milhões de anos.
Enfim, é um cenário todo novo, que
realmente muda nossas concepções a respeito de nossa posição no universo.
Vitória, sábado, 22 de
junho de 2002.
No comments:
Post a Comment