Saturday, November 02, 2013

Mecatrônica (da série Expresso 222..., Livro 3)


Mecatrônica

 

                        A cibernética foi criada em 1947 pelo cientista judeu-americano Norbert Wiener (1894 – 1964, 70 anos entre datas), que ele expôs logo a seguir no livro Cibernética, Controle e Comunicação no Animal e na Máquina, de 1948.

                        Muito tempo depois, já na década dos 1990, apareceu a palavra mecatrônica, fusão de mecânica e eletrônica.

                        Na física a mecânica se divide em estática e dinâmica.

                        No modelo, todo o Conhecimento é buscado pelos partidos altos (Magia, Teologia, Filosofia e Ciência) e baixos (Arte, Religião, Ideologia e Técnica), e pela Matemática, que fica no centro do duplo quadrado.

                        As ciências são: Física/Química, Biologia/p.2, Psicologia/p.3, Informática/p.4, Cosmologia/p.5, Dialógica/p.6. As técnicas são: Engenharia/X1, Medicina/X2, Psiquiatria/X3, Cibernética/X4, Astronomia/X5, Discursiva/X6. Elas se correspondem duas a duas, por exemplo, Física e Engenharia, Química e X1, formando a pontescada tecnocientífica. As técnicas são as ciências baixas, enquanto as ciências são as técnicas altas.

                        Informática é a ciência, cibernética é a técnica, ou seja, aquela pesquisa e esta desenvolve, aquela busca as razões e esta amplia os produtos.

                        Apesar de eu gostar tanto de Wiener, coloquei a Cibernética (em maiúsculas conjunto ou família ou grupo de cibernéticas) em baixo, como deve ser. Tirando a palavra do grego antigo, kibernetes, timoneiro, o que conduz o navio, Wiener lhe deu grande profundidade. Repare que ele chamou de ciência da “comunicação e do controle NO ANIMAL E NA MÁQUINA”, maiúsculas minhas, o que inclui o ser humano.

                        Mas a Cibernética se estende para baixo, rumo à Psicologia/p.3, à Biologia/p.2 e à Física/Química, e para cima, rumo à Cosmologia/p.5 e à Dialógica/P.6, e seus pares inferiores, quer dizer, para baixo à Psiquiatria/X3, à Medicina/X2 e à Engenharia/X1, e para cima à Astronomia/X5 e à Discursiva/X6. E, propriamente, age no plano da Informática/p.4 e da própria Cibernética/X4. Enfim, abrange tudo, porque tudo tem retroalimentação (alimentação para trás) ou realimentação, num sistema fechado. Poderíamos falar de realimentação física, de realimentação química, até de realimentação dialógica. É evidente que a ecologia biológica/p.2 é uma cibernética. Sem falar na Ecologia do modelo.E falamos, é claro, num plano mais restrito, de realimentação cibernética, realimentação do timoneiro, que possui a tecnarte (ciência/magia baixa) de guiar o navio.

                        E quanto à robótica, qual é seu grau de parentesco?

                        A robótica é a fração da cibernética que trata dos robôs, como esses de fábrica e outros.

                        A mecatrônica, por outro lado, é uma engenharia, situada no plano da Física, conseqüentemente sem se interessar por altos raciocínios sobre a realimentação na Biologia/p.2, na Psicologia/p.3, etc. Ela não se pergunta sobre as realimentações psicológicas: realimentação espacial, realimentação psicanalítica (das figuras), realimentação psico-sintética (dos objetivos), realimentação econômica (da produção), realimentação sociológica (da organização) e realimentação temporal.

                        Nada disso, ela fica rente às perguntas características da engenharia. Se vê o estático, é sob a ótica da forma de engenharia; se olha para o dinâmico, é sob a condição de conceito da engenharia, ou seja, no conjunto como formestrutura de engenharia. Formestrutura mecatrônica, diga-se de passagem, realimentação mecânica-eletrônica, que usa os elétrons e a eletricidade para animar as máquinas, os aparelhos, os instrumentos, criando programas-máquinas, programáquinas, como os chamei, programas que operam máquinas, aparelhos, instrumentos por meio de seqüências e redes de comandos. Podemos até esperar que atinja a união com a arquitetura, como realimentação das formestruturas de arquiengenharia.

                        É então uma fração-derivada da Cibernética propriamente dita, aquela mais alta, a cibernética-das-máquinas, porque existe a outra, a cibernética-dos-animais, e ainda mais no alto a cibernética-dos-seres-humanos, assim como vai haver a cibernética para o além-do-humano.

                        Por fim, a mecatrônica não é a Cibernética de fato. É o uso dos conceitos e formas da Cibernética para a produção de autocontrole ou auto comunicação induzida, de baixa resposta, não-inteligente, não-racional em coisas puramente físicas (e até químicas).

                        Porém, GROSSO MODO, poderíamos falar de cibernética, robótica e mecatrônica como sendo a mesma coisa, ao nível do povo, que não conseguirá vê-las como separadas.

                        Entrementes, num plano de discussão mais alto, a distinção é necessária, é até mesmo fundamental.

                        Vitória, quarta-feira, 29 de maio de 2002.

No comments: