Nemêsis
No seu livro, Infinito em Todas as Direções
(do gene à conquista do universo), São Paulo, Best Seller, edição americana de
1988, brasileira sem data, Freeman Dyson fala na página 39 e seguintes de
Nemêsis, uma suposta estrela companheira do Sol, proposta como teoria
alternativa por Piet Hut e Rich Muller.
Em tese estaria presa ao
Sol, formando uma binária. Iria a uma distância que, “sabemos de forma
acurada”, seria de 2,5 anos-luz. Dyson diz que não há a menor idéia de em qual
direção se encontra, e que pode se revelar uma quimera, uma criatura de lenda.
Ela provocaria chuvas de
meteoritos, estas bem conhecidas, de 26 em 26 milhões de anos.
Revela também que, pelos
cálculos, durante uma revolução completa dela em torno do Sol, vinte ou trinta
estrelas passarão por sua órbita. Na mitologia grega foi a deusa da
equanimidade, era filha de Nix, a Noite, e teve dois filhos com Zeus. “Punia os
faltosos, impunha a execução de normas que restabeleciam o equilíbrio entre os
seres humanos, castigava filhos que ofendiam os pais, vingava juramentos
quebrados, consolava amantes abandonados e humilhava orgulhosos e
descomedidos”, segundo a Barsa eletrônica.
Dyson refere que
“Nemêsis humilhou os senhores da criação”.
Enfim, o negócio dela é
a punição, e com isso a morte.
Centauro é uma
constelação com uma binária, Alfa e Beta do Centauro, com magnitudes de 0,01 e
1,4 {como nos informa na página 98 o livro de David Baker e David A. Hardy,
Guia de Astronomia (telescópios, estrellas, constelaciones, planetas, cometas,
galáxias), Barcelona, Omega, 1980}, e uma terceira estrela girando em volta
delas, Próxima do Centauro, com magnitude de 11,3, que é a estrela mais próxima
do Sol (daí o nome), situada a 4,3 anos-luz. Entrementes, Ronaldo Rogério de
Freitas Mourão, no Dicionário
Enciclopédico de Astronomia e Astronáutica, Rio de Janeiro, Nova
Fronteira, 1987, página 653, diz que Próxima forma um sistema binário com Alfa.
É um contraste.
Pois bem, se Próxima
chega a 4,3 anos-luz e a suposta Nemêsis chegasse a 2,5 anos-luz, evidentemente
iria além de 2,15 anos-luz, metade da distância, e seria capturada pelo sistema
ternário de Alfa, já que Próxima fica a apenas 0,15 ano-luz do centro de massa.
Claramente Nemêsis, se
existe mesmo, não fica no plano da reta que liga as duas estrelas, Sol e
Próxima.
O meu pensamento é que
ela fica ou numa perpendicular (a chance de ser uma dupla-perpendicular, um
sistema triortogonal, é infinitesimal; mas, fora isso, qualquer opção serve) ou
tem alguma inclinação, na qual leva 13 milhões de anos para ir e outro tanto
para voltar. Fica pouco tempo perto do Sol (pois os pesquisadores verificaram
que a chuva de meteoritos dura no máximo um milhão de anos). Então tem uma
órbita muito larga para o lado “de cima”, quer dizer, fora do plano da
eclíptica solar, e uma muito estreita para o lado “de baixo”, 25 para um milhão
de anos, somando os 26.
Se ela vai até encima e
desce com uma velocidade “estonteante”, seguramente passa dentro do sistema
solar, nele puxando meteoritos, talvez do Cinturão de Meteoritos, e quem sabe
cometas da Nuvem de Öort.
Eles estimaram que
estamos no meio do ciclo, 13 milhões de anos à esquerda e outro tanto à
direita, com extinções há 13, 39, 65 milhões de anos (e segue) no passado.
Conseqüentemente, esta é
minha suposição – que ela vá para cima (ou para baixo), para fora do plano de
rotação galáctica. E ao voltar, dependendo da órbita, carreie meteoritos do
Cinturão de Meteoritos, ou do Cinturão de Kuiper, ou cometas da Nuvem de Öort.
Falarei mais, abordando
outra questão, tendo tempo.
Vitória, terça-feira, 28
de maio de 2002.
No comments:
Post a Comment