Saturday, November 02, 2013

Nemêsis (da série Expresso 222..., Livro 3)


Nemêsis

 

                        No seu livro, Infinito em Todas as Direções (do gene à conquista do universo), São Paulo, Best Seller, edição americana de 1988, brasileira sem data, Freeman Dyson fala na página 39 e seguintes de Nemêsis, uma suposta estrela companheira do Sol, proposta como teoria alternativa por Piet Hut e Rich Muller.

                        Em tese estaria presa ao Sol, formando uma binária. Iria a uma distância que, “sabemos de forma acurada”, seria de 2,5 anos-luz. Dyson diz que não há a menor idéia de em qual direção se encontra, e que pode se revelar uma quimera, uma criatura de lenda.

                        Ela provocaria chuvas de meteoritos, estas bem conhecidas, de 26 em 26 milhões de anos.

                        Revela também que, pelos cálculos, durante uma revolução completa dela em torno do Sol, vinte ou trinta estrelas passarão por sua órbita. Na mitologia grega foi a deusa da equanimidade, era filha de Nix, a Noite, e teve dois filhos com Zeus. “Punia os faltosos, impunha a execução de normas que restabeleciam o equilíbrio entre os seres humanos, castigava filhos que ofendiam os pais, vingava juramentos quebrados, consolava amantes abandonados e humilhava orgulhosos e descomedidos”, segundo a Barsa eletrônica.

                        Dyson refere que “Nemêsis humilhou os senhores da criação”.

                        Enfim, o negócio dela é a punição, e com isso a morte.

                        Centauro é uma constelação com uma binária, Alfa e Beta do Centauro, com magnitudes de 0,01 e 1,4 {como nos informa na página 98 o livro de David Baker e David A. Hardy, Guia de Astronomia (telescópios, estrellas, constelaciones, planetas, cometas, galáxias), Barcelona, Omega, 1980}, e uma terceira estrela girando em volta delas, Próxima do Centauro, com magnitude de 11,3, que é a estrela mais próxima do Sol (daí o nome), situada a 4,3 anos-luz. Entrementes, Ronaldo Rogério de Freitas Mourão, no Dicionário Enciclopédico de Astronomia e Astronáutica, Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 1987, página 653, diz que Próxima forma um sistema binário com Alfa. É um contraste.

                        Pois bem, se Próxima chega a 4,3 anos-luz e a suposta Nemêsis chegasse a 2,5 anos-luz, evidentemente iria além de 2,15 anos-luz, metade da distância, e seria capturada pelo sistema ternário de Alfa, já que Próxima fica a apenas 0,15 ano-luz do centro de massa.

                        Claramente Nemêsis, se existe mesmo, não fica no plano da reta que liga as duas estrelas, Sol e Próxima.

                        O meu pensamento é que ela fica ou numa perpendicular (a chance de ser uma dupla-perpendicular, um sistema triortogonal, é infinitesimal; mas, fora isso, qualquer opção serve) ou tem alguma inclinação, na qual leva 13 milhões de anos para ir e outro tanto para voltar. Fica pouco tempo perto do Sol (pois os pesquisadores verificaram que a chuva de meteoritos dura no máximo um milhão de anos). Então tem uma órbita muito larga para o lado “de cima”, quer dizer, fora do plano da eclíptica solar, e uma muito estreita para o lado “de baixo”, 25 para um milhão de anos, somando os 26.

                        Se ela vai até encima e desce com uma velocidade “estonteante”, seguramente passa dentro do sistema solar, nele puxando meteoritos, talvez do Cinturão de Meteoritos, e quem sabe cometas da Nuvem de Öort.

                        Eles estimaram que estamos no meio do ciclo, 13 milhões de anos à esquerda e outro tanto à direita, com extinções há 13, 39, 65 milhões de anos (e segue) no passado.

                        Conseqüentemente, esta é minha suposição – que ela vá para cima (ou para baixo), para fora do plano de rotação galáctica. E ao voltar, dependendo da órbita, carreie meteoritos do Cinturão de Meteoritos, ou do Cinturão de Kuiper, ou cometas da Nuvem de Öort.

                        Falarei mais, abordando outra questão, tendo tempo.

                        Vitória, terça-feira, 28 de maio de 2002.

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