Neutralidade
Durante a Segunda Guerra
Mundial Portugal (e vários outros países) manteve (mantiveram) neutralidade. O
lado bom é que eles se mantiveram eqüidistantes de ambas as formas de agressão
e o lado ruim é que não quiseram se aventurar e ficaram em cima do muro –
qualquer dos lados que tivesse vencido teria recebido seus aplausos e sua
adesão.
Esta é a posição dos
covardes.
Devemos desconfiar dos
dois modos de fazer a guerra.
Entretanto, há ligeiras
diferenças, porque os nazistas e os fascistas estavam matando pessoas não em
razão de ofensas provadas e sim por meras desconfianças mentais, como em
relação aos judeus e a todos os desfavorecidos por eles.
Quero o acordo entre as
esquerdas e as direitas, entre os povos e as elites, entre os pobres e os ricos
e outras oposições complementares, porém em caso de guerra ficarei com as
esquerdas, os povos, os pobres. É preciso optar, como disse Jesus: se você não
é quente nem frio, se é morno, se é meio, será cuspido. O medo de optar é pior
que a opção em si. É preciso saber distinguir entre o bem e o mal, entre o que
traz dificuldade agora e prosperidade depois, versus o que é fácil, falso,
frágil, entre a verdade daqueles e as mentiras destes.
Sendo
assim, Portugal errou.
Aliás, errou muitas vezes,
quando expulsou os judeus, quando expulsou os jesuítas, quando instalou
primeiro que todos a Inquisição. Acertou outras tantas vezes, contudo ficam os
erros. Sequer se juntou à Grã-Bretanha, parceira desde sempre, desde os tempos
em que Portugal contratava mercenários ingleses.
Mesmo contando a
sabedoria de não se filiar a nenhum dos modos de ofender, ainda assim é
preferível estar do lado dos que sofrem a estar junto daqueles que batem. Assim
fez Jesus quando deu a outra face, em vez de revidar. A vitória dos maus é a
coisa mais provisória que há. E estar, mesmo que apenas perspectivamente, ao
lado deles é o cúmulo da estupidez.
Vitória, domingo, 07 de
julho de 2002.
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