Sunday, November 03, 2013

Patentes 1.0 (da série Expresso 222..., Livro 3)


Patentes 1.0

 

                        Disse ao Wagner Fafá Borges, despachante de patentes, diretor do CENDI (Clube dos Inventores do ES) e do Clube dos Inventores Brasileiros (veja www.inventar.com.br e www.lideresdoamanha.com.br) que deveríamos fazer um CD-ROM (e fitas e livro) sobre o processo de patenteamento.

                        Embora o Brasil tenha começado muito cedo, relativamente (Veneza foi a precursora em 1474; depois veio a Inglaterra em 1624, 150 anos após; e o Brasil, seguindo vários, só em 1824 fez a sua primeira lei, 200 anos depois dos ingleses – mesmo assim antes da maioria), a interessar-se por patentes, a coisa esteve em ponto morto e só em 1996 foi feita uma lei definitiva que deve disparar mais fortemente o movimento local. Os governos e as empresas não se interessavam, preferiam copiar tudo de fora.

                        Durante seis anos coletei informações na Internet, o que ainda não li, mas deu para formar seis grossos volumes de páginas. É muita coisa, e não há triagem sequenciadora. Não há uma condução firme por caminhos seguros, já palmilhados, onde alguém tenha passado antes, evitando as áreas pantanosas, e que vá de facilidade em facilidade do começo até o fim, e onde alguém que nada saiba possa seguir até um dia achar-se competente e eficaz.

                        Infelizmente não há aquele Windows da Microsoft, facilitador ao extremo, ou algo até melhor que ele. Não há, infelizmente. Cada um que chegue deve percorrer novamente os atoleiros desde o princípio.

                        Como, creio, as invenções irão se tornar cada vez mais importantes para todos, mormente para os países menos desenvolvidos que desejam dar os saltos rumo às primeiras posições, como é a pretensão brasileira, devemos produzir um programa eficiente, tipo INVENTOR 1.0 (o nome é o mesmo em inglês e português) ou outra palavra, prosperando até muito mais à frente - ou seguindo as instruções da Microsoft com o Windows, Inventar 2002.

                        Tudo é tão difícil porque o desestímulo é tremendo.

                        Dependência cultural, complexo de inferioridade, cooptação das lideranças, dos políticos e dos governantes, falta de propósito maior, mediocridade, e pura estupidez mesmo faz com que os que conduzem o Brasil em todos os patamares se recusem a alçar vôo, a pensar grande, a visualizar um futuro mais amplo, irrestrito mesmo. Covardia, fraqueza, medo, pusilanimidade, temor, acanhamento, falta de ousadia, tudo que você puder pensar, este é o horizonte brasileiro atual.

                        Podemos presumir que as dificuldades a vencer sejam medonhas, no sentido de viabilizar o programa, não só em razão das dificuldades inerentes à busca das informações, como na acepção do sentimento nacional de impotência, de apatia, de desânimo, de falta de brio, resultando em total desencorajamento, até impedimento ativo pelos que de fora e de dentro querem nos ver sempre submetidos, dóceis, submissos, prontos para sermos sangrados e ordenhados, eternamente.

                        Se não será fácil pelo menos dará ainda mais prazer quando estiver pronto. Devemos colocar nisso toda força que pudermos.

                        Pensemos ainda que ele não só facilitará nossa ida às patentes e invenções como aproximará de nós os inventores, pesquisadores, desenvolvedores, patenteadores de toda espécie. E nós queremos isso mais que tudo – estarmos envolvidos nessa verdadeira revolução brasileira.

                        Vitória, quinta-feira, 20 de junho de 2002.

                       

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