Sunday, November 03, 2013

Pátria Exterior (da série Expresso 222..., Livro 4)


Pátria Exterior

 

                        Como previ no modelo, a próxima guerra começou dentro dos países centrais, no caso os EUA, em 11 de setembro de 2001, com a derrubada das torres gêmeas do World Trade Center no ataque do Al Qaeda do Osama Bin Laden e seus companheiros.

                        Como é que isso foi se dar?

                        Bom, há muitas causas a apontar, mas a coisa é muito simples, na realidade: os EUA não são mais amados no mundo. De defensores da liberdade eles passaram a opressores e porisso são detestados, especialmente depois de 1991, com a queda da URSS e seus satélites, já a partir de 1989, na Alemanha Oriental.

                        Os EUA tornaram-se apenas uma PÁTRIA INTERIOR, dentro de suas fronteiras. Não são mais amados fora, como já foram a partir de 1776, com sua revolução contra o domínio inglês, e particularmente desde a substituição da Grã-Bretanha na liderança do mundo. Já significaram o lume da liberdade, representado pela chama simbólica da Estátua da Liberdade. Não são mais PÁTRIA EXTERIOR, não detém mais o amor dos povos do mundo, advindo principalmente da alegria mostrada no cinema e em razão da generosidade americana. É claro que era em parte uma bondade interesseira, mas em todo caso não de todo; havia algo de realmente puro naquilo.

                        Tudo isso se foi.

                        De soldado da liberdade o americano tornou-se o opressor reconhecido como tal em toda parte, mesmo pelos amigos acabrunhados, ressabiados e sem jeito. Envergonhados com um amigo que de repente se tornou grosseiro e mesquinho.

                        Ora, é claro que as linhas de defesas são várias, dentro: 1) as pessoas (os indivíduos, as famílias, os grupos, as empresas); 2) os limites ambientais (municípios/cidades, estados, nação). Na Bandeira Elementar toda: ar, água, terra/solo, fogo/energia, no centro Vida e no centro do centro Vida-racional. Defesa quanto aos amigos e quanto aos inimigos, pois um amigo pode inadvertidamente ou por interesse inconfesso (neste caso seria um falso amigo) fazer muito mal.

                        Agora, o principal é a DEFESA EXTERIOR, quando as pessoas de fora estão todas, POR PRINCÍPIO, desarmadas de qualquer intuito daninho. Disso os Estados Unidos dispuseram durante um tempo, como antes Roma muito mais.

                        Querendo ou sem querer o fato é que os americanos foram mestres nisso, através do uso de toda a mídia. Quando passaram a dar importância demasiada a si mesmos, quando deixaram de rir de si mesmos, tudo começou a ir pelo pior. Agora, com a Era do Terror, como vem sendo chamada, as coisas tendem a piorar, com o fechamento e um novo macarthismo a caminho.

                        Quem pode pensar que não vá haver um fechamento geral, das fronteiras e dos humores gerais e particulares americanos?

                        Contudo, se podemos desejar algo de bom àquele povo bravo e de certo modo fiel, apesar de tudo que há nos bastidores, é que ele não se renda ao mau humor, que não se tranque, que não deixe de amar. Como disse São Francisco, é dando que se recebe, e de fato na Rede Cognata DAR = RECEBER.

                        Isso o Brasil precisa aprender: a dilatar nossas fronteiras, de tal modo que não-fisicamente elas abranjam todo o mundo – que todos gostem de nós, para que não precisemos nos entupir de armamentos. Só assim uma nação não é atingida nem dentro nem de fora. Foi o que senti nesta Copa do Mundo de 2002, com torcedores de vários países torcendo pela Seleção Brasileira.

                        Vitória, terça-feira, 09 de julho de 2002.

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