Sunday, November 03, 2013

Pessoa Pública e Pessoa Privada (da série Expresso 222..., Livro 4)


Pessoa Pública e Pessoa Privada

 

                        Por vezes a gente vê alguns idiotas criticando Einstein ou Mao, ou outras grandes personalidades, o que me irrita. Não que os grandes não sejam criticáveis ou não devam ser criticados, pelo contrário, devemos nos defender ao máximo deles, porque a autoridade excessiva leva à ditadura políticadministrativa ou ideológica, ou à das idéias, ao estreitamento, de todo modo, à ortodoxia feroz.

                        Contudo, devemos separar os elementos, a saber, a pessoa (indivíduo, família, grupo e empresa), que é privada, do ambiente (município/cidade, estado, nação, mundo), que é público. Com certeza não há senão pessoas liderando os ambientes, porisso devemos distinguir entre PESSOA PRIVADA e PESSOA PÚBLICA, sendo esta aquela à qual está afeita tarefa pública, para além da privada.

                        Na medida da PUBLICAÇÃO da pessoa, ela deixa de ser indivíduo, família, grupo ou empresa, exclusivamente, tornando-se pessoa de conhecimento geral.

                        Sabemos que Einstein tinha lá seus pegas com a primeira esposa, Mileva, que ele a tratava mal (e, possivelmente, vice-versa, ninguém investiga o outro lado, PORQUE ela era pessoa privada e o que é privado não interessa ao público, pois não é fonte de escândalos que vendem a mídia e que a mídia vende com amor e dedicação). Há as histórias de Mao com as moças. E assim por diante, a mídia e os jornalistas podem cavar indefinidamente escândalos das figuras proeminentes de todos os espaços e tempos.

                        Entrementes, constituiria argumento ad hominem, contra o ser humano, derivar das características pessoais as características ambientais. Qualquer um poder ser péssimo ser humano (como foi Francis Bacon) e extraordinário filósofo (como ele foi). Pessoa muito ruim, excelente filósofo. Agora, tentar manchar a excepcional filosofia de Bacon com suas particularidades é errado.

                        A separação é fundamental.

                        Apelar à homossexualidade de um político para denegrir sua excelente administração é errado. Por outro lado, esse mesmo político usar de sua posição para desfavorecer a família também é errado.

                        Agora, certas criaturas infames usam as questões íntimas de Einstein, de Mao, de Colombo, de Santos Dumont, de quem quer que seja, para diminuí-los publicamente. O que é público não deve ser tocado pelo que é privado, nem vice-versa.

                        Todos nós comportamos defeitos e nem poderia ser diferente. Entrementes o que tem significado geral é o serviço público, as qualidades de doação – é isso que é grande em cada um. Individualmente todos somos igualmente pequenos, só podendo engrandecer-nos publicamente, por este sinal de doação. Tentar apequenar tal gesto só pode ser coisa de gente complexada. Pessoalmente complexada, que não tem talento para projetar-se no ambiente e pega carona nos ombros d’outrem, o que é deveras lamentável.

                        Vitória, segunda-feira, 24 de junho de 2002.

                        José Augusto Gava.

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