Picaretagem
Quando as crianças eram
pequenas a gente ia muito ao Mcdonalds, onde eles pediam variados sanduíches.
Gabriel não gostava da alface, então pedia sem; vinha um envelope diferente,
onde se lia: “preparado especialmente para você”. Não colocavam alguma coisa,
cobravam o mesmo tanto e a gente devia se sentir feliz pelo “tratamento
diferenciado”.
Agora, 2002, é o leite
de soja ADES.
Existem de vários tipos,
todos em pacote tetrapak de um litro, os de frutas com açúcar, o puro com
açúcar que custa R$ 1,89 e o Light “especial” sem açúcar de R$ 2,29. Quarenta
centavos a mais. O fato de não colocarem o açúcar vale um sobrepreço de
quarenta centavos.
Eles colocam na
embalagem: “Para que os efeitos da soja na diminuição do colesterol sejam
atingidos, o alimento deve ser consumido diariamente, conter uma quantidade
razoável de proteínas de soja, ser pobre em lipídios e em colesterol e associado a um
estilo de vida saudável”, colorido meu. Bom, se é um estilo de vida
saudável, não precisa de leite de soja, muito menos sem açúcar, porque por
natureza quem tem um estilo de vida saudável não consome excessos de sal e de
açúcar, não tem trabalho sedentário, faz exercícios, etc.
É pura picaretagem.
A Microsoft vendeu um
produto, o Windows Home Ediction (edição do lar) em caixa fechada na qual não
está dito, em lugar algum, que seja para um computador apenas. Vem dito dentro,
depois que o produto é comprado e a caixa violada, no manual. Custou R$ 545,00,
um valor considerável para os brasileiros. Instalamos nas três máquinas,
apareceu o aviso de que era preciso validação. Então, retirei de duas máquinas
e deixei na da Clara, que validei por telefone. Como a minha máquina era a que
dava problemas, que o WHE prometia resolver, coloquei nela, retirei da Clara, então
liguei e a moça atendeu, dizendo que não seria possível, pois já estava na da
Clara. Daí, eu disse, então vou desinstalar da minha e colocar de novo na dela.
Ela me disse que isso também não seria possível. Compramos uma coisa que não
serve em nada.
E assim estamos os
brasileiros sujeitos a milhões, bilhões de picaretagens das empresas, de todo
tipo de trambique.
A Sharcolor, uma empresa
pequena de Vitória, situada em Jucutuquara, de conserto de eletroeletrônicos,
pegou três aparelhos nossos (um videocassete, um aparelho de som e um walkman,
que ainda está com eles nesta data), cobrou R$ 280,00 e eles voltaram pior do
que quando foram. Não adiantou nada ir reclamar no PROCON, parece que eles
protegem as empresas.
E assim eu poderia
discorrer, como cada brasileiro (até os empresários, porque eles sofrem nas
mãos dos outros bandidos), eu creio, sobre os atos de banditismo das empresas.
Não há quem nos defenda
do terrorismo consentido dos empresários safados.
Porisso não admira mesmo
nada que os brasileiros sejamos um povo decepcionado com tudo.
Vitória, quarta-feira,
29 de maio de 2002.
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