Picaretagem
Governamental
Já descrevi, em O Desastre Maxista, como o
ex-governador Max Mauro, no resto honesto, implantou com apoio da Assembléia
Legislativa do ES a chamada “lei da trimestralidade”, que a cada três meses
devolvia só 60 % da inflação galopante do período, quando esteve lá no Palácio
Anchieta, de 1987, 15 de janeiro (como era antes da promulgação da constituição
federal de 1988) a 1990, 31 de dezembro. Quer dizer que a cada três meses
ficava com 40 % do funcionalismo, a menos que isso fosse negociado, chegando a no
máximo o que a pessoa já teria direito, 100 %.
Em março e junho, duas
trimestralidades, nem os 60 % ele devolveu, de modo que o funcionalismo todo
entrou contra o governo do ES, resultando num acumulado de perto de 162 %. Isso
significou na soma muitos bilhões de reais.
A minha parte, até onde
calculado, chegou (erradamente, pois deve ser quatro ou cinco vezes isso; não
sei se entro de novo contra o governo patrão porque isso levaria o
estado-governo à inadimplência) a R$ 100 mil. Nas origens o imposto de renda
(IR) ficaria com 27,5 % na minha faixa de renda, o IPAJM (Instituto de Pensão e
Aposentadoria Jerônimo Monteiro, nossa caixa de seguro social) com 10,0 %,
somando, portanto, 37,5 %, restando 62,5 %.
Tendo entrado na Justiça,
mais 10,0 % irão para os advogados, 15,0 % para o Tribunal de Justiça, 1,5 %
para o Sindifiscal, restando 36,0 %, perda de 26,5 %.
Além disso, o governo,
dizem, sob ameaça de intervenção do Supremo Tribunal (em 23 dos 26 estados –
mais o DF), prometeu pagar em dez anos, 120 prestações (naturalmente sem juros nem correção monetária – que a
0,5 % ao mês pode somar no final 82 %), que no meu caso serão de R$ 300/mês,
quando deveriam chegar a perto de R$ 520/mês (para os 62,5 %, lembre-se).
Considerando os juros
(na realidade a inflação) de 0,5 % ao mês, as prestações deveriam passar de R$
300 a R$ 400 por mês, uma perda de R$ 100 por mês, do jeito que vai ser pago,
no total R$ 12 mil em dez anos. Se fossem juros de 0,5 % + 0,5 % de inflação,
total de 1,0 % ao mês, a prestação mensal iria a R$ 516, diferença de R$ 216,
no total R$ 26 mil em dez anos, um carro muito bom.
Tudo fica por nossa
conta.
O atual governador, José
Ignácio, pegou 20 % nossos durante vários meses, ficando devendo três meses inteiros
de salário. Quando foi obrigado pelo Supremo a parar de descontar e a devolver,
dividiu em trinta e seis meses, também
sem juros nem correção monetária. O BANESTES, Banco do Estado do Espírito
Santo S.A., de que o governo possui mias de 90 % das ações, decidiu nos
emprestar dois meses de salário. Peguei (fora a pensão) R$ 4,2 mil e devo pagar
em 36 meses mais de R$ 10 mil, juros de R$ 5,8 mil, de que o governo ressarcirá
R$ 1,4 mil, o banco engolindo R$ 4,4 mil.
E assim a coisa vai de
vento em popa, todos felizes em governar a infelicidade alheia, como é trivial
no ES.
Essa é a tremenda
picaretagem política capixaba, que, creio, não tem paralelo nem no Brasil nem
muito menos no mundo, onde por muito menos teria fritado alguns.
Vitória, quinta-feira, 06
de junho de 2002.
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