Sunday, November 03, 2013

Técnicas de Picaretagem (da série Expresso 222..., Livro 4)


Técnicas de Picaretagem

 

                        Logo depois de um momento de grande satisfação nacional o governo federal, classicamente, passa um punhado de leis e decisões desfavoráveis ao povo. É fatal. E isso no mundo todo.

                        Do outro lado, o das empresas, a Enron (falida) deu o cano em US$ 100 bilhões nos EUA, seguida agora da WorldCom, que mascarou os balanços em quatro bilhões de dólares, fora Arthur Andersen, Global Crossing (falida), Lucent Technologies, Warnaco (falida), K-Mart (falida), Providian, Sunbeam (falida), Tyco, Xerox, AT&T, Polaroid (falida) e Qwest, todas também mascarando a contabilidade. As outras passam por dificuldades. Dados da Veja nº 1.758, ano 35, nº 26.

                        Tudo com a ajuda dos auditores independentes e altamente estimados, tudo capitalismo devidamente garantido pelo governo americano.

                        Que o governempresa seja uma conspiração todo mundo sabe, pois tenho dito que o governo é um escritório (privilegiado) do Capital, grande e pequeno. Entretanto, que o governempresa tenha escorregado para essas facilidades é coisa nova.

                        A questão é que não há ninguém preparando teses de mestrado e de doutorado mostrando as linhas de preparação dos golpes de ambos os supersetores. Como é que os governos e as empresas preparam essas tramoias? Como o fazem no mundo inteiro? Que há de comum e o que há de diferente? Em que se inspiraram os de agora? O quanto é novo e o quanto é repetição do passado, de todos os tempos?

                        É uma sucessão de picaretagens que os governempresas vem assestando no povelite/nação por milênios. Ardis, expedientes, trapaças que fecharam, “só no último ano”, diz a Veja, 257 companhias listadas em bolsa, ao custo de US$ 258 bilhões, média de um bilhão por companhia. Como não há para onde ir o dinheiro, ele simplesmente migrou das mãos das pessoas comuns, dos investidores, para os dos empresários sacanas, dos administradores pervertidos, dos advogados bandidos e dos auditores cúmplices.

                        Por enquanto não tenho nenhuma ação, mas é doloroso ver toda a rede de mentiras e intrigas que sustenta essa podridão imensa.

                        Por quê os acadêmicos não investigam? Por quê ficam fazendo teses inconsequentes sobre tantas coisas inúteis, tantos bizantinismos? Por quê não tratam do que é essencial, a proteção principalmente do povo e depois das elites? Como é que não desvendam as técnicas e até as ciências da picaretagem?

Vitória, 01. julho. 2002 (dia que seria o aniversário do meu irmão, Ary José Gava, 59 anos).

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