Técnicas de Picaretagem
Logo depois de um
momento de grande satisfação nacional o governo federal, classicamente, passa
um punhado de leis e decisões desfavoráveis ao povo. É fatal. E isso no mundo
todo.
Do outro lado, o das
empresas, a Enron (falida) deu o cano em US$ 100 bilhões nos EUA, seguida agora
da WorldCom, que mascarou os balanços em quatro bilhões de dólares, fora Arthur
Andersen, Global Crossing (falida), Lucent Technologies, Warnaco (falida),
K-Mart (falida), Providian, Sunbeam (falida), Tyco, Xerox, AT&T, Polaroid
(falida) e Qwest, todas também mascarando a contabilidade. As outras passam por
dificuldades. Dados da Veja nº 1.758, ano 35, nº 26.
Tudo com a ajuda dos
auditores independentes e altamente estimados, tudo capitalismo devidamente
garantido pelo governo americano.
Que o governempresa seja
uma conspiração todo mundo sabe, pois tenho dito que o governo é um escritório
(privilegiado) do Capital, grande e pequeno. Entretanto, que o governempresa
tenha escorregado para essas facilidades é coisa nova.
A questão é que não há
ninguém preparando teses de mestrado e de doutorado mostrando as linhas de
preparação dos golpes de ambos os supersetores. Como é que os governos e as
empresas preparam essas tramoias? Como o fazem no mundo inteiro? Que há de
comum e o que há de diferente? Em que se inspiraram os de agora? O quanto é
novo e o quanto é repetição do passado, de todos os tempos?
É uma sucessão de
picaretagens que os governempresas vem assestando no povelite/nação por
milênios. Ardis, expedientes, trapaças que fecharam, “só no último ano”, diz a
Veja, 257 companhias listadas em bolsa, ao custo de US$ 258 bilhões, média de
um bilhão por companhia. Como não há para onde ir o dinheiro, ele simplesmente
migrou das mãos das pessoas comuns, dos investidores, para os dos empresários
sacanas, dos administradores pervertidos, dos advogados bandidos e dos
auditores cúmplices.
Por enquanto não tenho
nenhuma ação, mas é doloroso ver toda a rede de mentiras e intrigas que
sustenta essa podridão imensa.
Por quê os acadêmicos
não investigam? Por quê ficam fazendo teses inconsequentes sobre tantas coisas
inúteis, tantos bizantinismos? Por quê não tratam do que é essencial, a
proteção principalmente do povo e depois das elites? Como é que não desvendam
as técnicas e até as ciências da picaretagem?
Vitória, 01. julho. 2002 (dia que
seria o aniversário do meu irmão, Ary José Gava, 59 anos).
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