Sunday, December 15, 2013

A Noite e os Grandes Espaços (da série Material Sensível, grupo MCES Modelo da Caverna para a Expansão dos Sapiens)


A Noite e os Grandes Espaços

 

                               Se as mulheres viviam coletando em volta das cavernas e os homens caçando longe, elas não tinham acesso aos grandes espaços nem à noite, quando era proibido sair, em virtude da presença dos predadores fora da porta cercada e fechada da caverna.

                               Viviam eternamente ali, sem arredar muito, porque havia toda uma comunidade feminina protetora, o imenso grupo de filhos e filhas a criar, as tarefas em grande número – toda a coleta de água, de folhas, de raízes, de cascas, de frutos, de pedras, de pequenos animais (mortos ou vivos, pegos em armadilhas), de galhos para fogo, de objetos.

Não conheciam os grandes espaços externos onde os homens podiam ir e de onde vinham contando maravilhas sobre animais nunca vistos, sobre grandes caçadas (como fazemos até hoje com carros, mulheres, enfrentamentos ou pseudoenfrentamentos com homens), de transposições de imensos rios, de subidas em altas montanhas, de curiosas formações, de todo ato real ou inventado de heroísmo – e as mulheres nunca podiam ver isso.

E também nada viam à noite, exceto como pouca coisa externa à caverna, a grande boca escura da noite, pois dentro era permanentemente iluminado por fogos.

                               Daí que, quando depois os homens começaram a convidar as mulheres a sair para longe ou para a noite escura (pois existe a noite clara, iluminada por fogos), isso deve ter soado como uma das maravilhas, um deslumbramento, um acontecimento bastante insólito.

E até hoje os homens fazem exatamente isso, como a Psicologia poderá demonstrar plenamente, fazendo testes bem montados, bem estruturados, quer dizer, bem postados para a busca teórica dos conceitos.

                               Se tal ficar demonstrado, poderemos os homens proporcionar coisas muito melhores às mulheres.
                               Vitória, quinta-feira, 20 de novembro de 2003.

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