Sunday, December 15, 2013

A Psicologia das Compras no Modelo das Cavernas


A Psicologia das Compras no Modelo das Cavernas

 

                               Vi no People & Arts, um dos canais Discovery, parte de uma reportagem        com um psicólogo americano que investigou homens e mulheres fazendo compras e descobriu que as mulheres vasculham lentamente, investigam antes de comprar, ao passo que nós homens vamos às compras como que à guerra: entramos, tiramos e fugimos, com tantos batimentos cardíacos quanto pilotos de um caça ou bombardeio.

                               De fato, se o modelo das cavernas está certo, não existiam sociedades separadas de coletores e de caçadores, mas eram os homens caçadores e as mulheres coletoras, vivendo todos juntos, mas desenvolvendo psicologias evolutivas separadas e oposto-complementares.

                               Por esse modelo poderíamos esperar que as mulheres ficassem sempre em volta da caverna, desenvolvendo o olhar para coisas paradas, minuciosas nas tarefas, com grande detalhe lingüístico para a precisão, com muitas palavras sinonímicas para indicar variações de tons entre os objetos de mesmo gênero. Formando grupos com as outras mulheres, conversando alto em meio ao terreno já conhecido e seguro das redondezas, brincando, mas correndo ao menor perigo.

                               Os homens, pelo contrário-complementar, deviam ir à caça (que nem sempre era de seres vivos; sendo pequenos, como já foi mostrado, aproveitavam muitas carcaças) e a coleta longe do lar, em meio ao perigo e às feras vivendo o máximo possível em silêncio, econômicos de palavras, sempre sujos de barro (para ocultar os cheios), rastejando, pegando e fugindo mesmo.

Seriam os desenvolvedores de armas de arremesso, como arco-e-flecha, lanças, e de escudos e proteções corporais.

                               Ao passo que devem ter sido as mulheres a desenvolver o plantio, pela observação continuada e metódica dos nascimentos espontâneos nas proximidades. Que homem teria tempo de, nas caçadas (de terra, de ar, de água), nas pescarias (que são caçadas na água), ficar observando detalhes? Falar, só o mínimo, com o mínimo de substantivos, porque que detalhes poderia haver em cenários que só se veria poucas vezes em curta vida?

                               Então, conforme disse, EXISTIAM (e existem ainda) duas línguas, a LÍNGUA FEMININA e a LÍNGUA MASCULINA, hoje fundidas, a primeira farta e generosa em nuances, macia, branda, detalhista, prosaica, poética, a segunda curta, grossa, objetiva, dura e enganadora, porque as mulheres, tão versáteis na outra língua, devem ser enganadas para carregar impotentemente o feto-predador até que ele se transforme em termo viável e isso continuamente, ano após ano, desde a menstruação muito precoce aos 8 ou 9 anos até a morte, 15 ou 20 anos mais tarde, tendo nesse ínterim uma ninhada de filhos (com muito mais gêmeos, trigêmeos, etc., diga-se de passagem). Por esse trabalho, conforme disse, a Natureza premiou as mulheres.

                               Seria preciso investigar mais a fundo.

                               Então, são dois entes psicológicos muito distintos (e muito complementares), postos pela Natureza para distintas tarefas. O domínio patriarcal fez com que tivéssemos de fazer compras, com os desastres esperados e bem visíveis.

                               Deveríamos visualizar as cavernas, suas redondezas e a saída para a caça e a coleta. Ora, da coleta natural à coleta artificial foi só um pulo. Se segue que as mulheres foram as inventoras da agricultura e da pecuária.

Como disse, os gatos são animais femininos que caçam ratos e baratas, longamente treinados para a proteção interna do lar, ao passo que os cachorros são animais masculinos, orientados geneticamente para a proteção externa do lar. Se as mulheres inventaram a agropecuária, vem daí que inventaram também os acumuladores para o futuro, por exemplo, cestas, balaios, panelas, utensílios, cuias, ânforas.

                               E as pinturas nas cavernas não são rituais coisa alguma: são os retratos da jactância masculina, os homens mostrando às mulheres e meninas e aos meninos futuros guerreiros o que fizeram longe de casa, as coisas terríveis (e aumentadas) por que passaram, o velho “papai é o maior” ou “como eu sofro para sustentar vocês com proteínas”.

O velho modo de ganhar as queridinhas, as gatinhas, as perseguidas, na falta de carrões, de restaurantes, de brindes e outros charmes atuais.

Uma ou outra bugiganga surpreendente trazida de muito longe já valia uns dias de prazer. E de juntar porcarias das redondezas as mulheres deviam entender mesmo.

                               Enfim, ver o passado é poder projetar a ortodoxia (ficam pendentes as mudanças, as surpresas, as heterodoxias, o que vem para embaralhar o já sabido).

                               Isso nos faz pensar que as mulheres sejam MUITO MAIS ortodoxas ou conservadoras que os homens e que estes, saindo sempre, prezam as novidades a ponto da loucura e da irreflexão. Os homens são do reino das heterodoxias, da não-fixação, da renovação constante, o que implica uma série de outras derivações.

                               Para as compras e vendas, as demandas e as ofertas de toda a socioeconomia, isso é mais que um achado, é uma revolução inteira.

                               Vitória, quarta-feira, 28 de agosto de 2002.

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