Pela lógica deveria ser “perdidos e
achados”, porque ninguém acha o que não foi primeiro perdido, mas como tudo no
Brasil aqui também reinava o caos mental, a incapacidade lógica, o desrespeito
pelo pensar, pela pesquisa, pelo estabelecimento de fatos firmes na
geo-história e nas tecnociências, enfim, de todo o conhecimento. Esquerda
achava que seu lugar era na direita.
Reclamar a quem?
Os Achados zombavam dos Perdidos.
- Vocês estão ao contrário.
Ao que os Perdidos respondiam com a
mesma coisa.
- E vocês, seus idiotas, que se
acham especiais, estão onde os colocaram, como todo mundo, sem saber de quê nem
para quê.
Estar do Avesso no Brasil não era
incomum, pois o governo ajudava muito.
No intimamente chamado “apartamento”
(pois AP passava por ser abreviatura) ou também “apertamento”, pois eram
colocados de qualquer jeito.
No apertamento se achava aquele do
qual foi dito “estava perdido e foi achado”. Também aqueles preocupados com
qualquer coisa “estou perdido, estou perdido”. Os que tinham embarcado em
Erradas, as linhas que levavam a becos-sem-saída: eram de graça, mas também
chegavam a lugares de onde você não podia sair, como certos investimentos
inúteis dos governos, tudo Perdido. Até crianças havia ali, os Perdidinhos: “tô
perdidinho, cara, tô perdidinho”.
Por outro lado, havia aqueles que se
encontravam Perdidos, mas foram Achados. Achavam que eram uma coisa, mas eram
outra, inversão de personalidade.
Havia no Brasil gente que mentia
muito, acabavam ficando Perdidos, enredados em suas próprias mentiras. Havia
políticos Totalmente Perdidos em suas tramas, esses ficavam escondidos,
procurando não dar muito as caras porque não queriam ser Achados.
- Aí, hem, mudou de lado, virou
prostituta arrependida, agora está entregando os irmãos.
Além dos traumatizados verdadeiramente
havia aqueles que eram os hipocondríacos dentre os Perdidos, achavam que
estavam Perdidos, mas não estavam, choravam de barriga cheia: muitos ricos se
encontravam ali, nunca estavam satisfeitos. E havia o pessoal espantadíssimo,
permanentemente deslumbrado com sua própria esperteza, que dizia: “foi um
Achado”, mas estava mais Perdido que cego em tiroteio.
Muitas vezes se dizia que o Brasil
“estava à beira do abismo”, mas ele só estava Perdido porque, sendo cego, o
cachorro dele, o Governo, não sabia o que fazia, frequentemente levava-o para
lá.
Enfim, se fôssemos falar de tudo que
havia por lá nem em mil livros acabaríamos.
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