Stanislaw Ponte Preta (pseudônimo de Sérgio
Porto) escreveu Febeapá (Festival de Besteira que Assola o Brasil – se
estivesse vivo teria muito mais material hoje, um desperdício) e fez esta
música.
SAMBA DO CRIOULO DOIDO
Foi em Diamantina
Onde nasceu JK Que a princesa Leopoldina Arresolveu se casá Mas Chica da Silva Tinha outros pretendentes E obrigou a princesa A se casar com Tiradentes Lá iá lá iá lá ia O bode que deu vou te contar Lá iá lá iá lá iá O bode que deu vou te contar Joaquim José Que também é Da Silva Xavier Queria ser dono do mundo E se elegeu Pedro II Das estradas de Minas Seguiu pra São Paulo E falou com Anchieta O vigário dos índios Aliou-se a Dom Pedro E acabou com a falseta Da união deles dois Ficou resolvida a questão E foi proclamada a escravidão E foi proclamada a escravidão Assim se conta essa história Que é dos dois a maior glória Da. Leopoldina virou trem E D. Pedro é uma estação também O, ô , ô, ô, ô, ô O trem tá atrasado ou já passou |
O “vigário dos índios”, padre jesuíta espanhol José
de Anchieta viveu de 1534 a 1597, 63 anos entre datas (meio de vida em 1565),
ao passo que Dom Pedro (II) viveu de 1825 a 1891, 66 anos entre datas (meio de
vida em 1858), quase três séculos entre ambos. Não poderiam ter convivido, daí
a graça da música.
No caso em que estamos falando, sim, pois
eram fantasias de carnaval, o vestido de Anchieta visando catequizar as índias
e o outro de Dom Pedro Seguindo as pizzas brotinhos e as pizzas brotão também.
Beberam todas, acabaram por começar um
daqueles papos de bêbado em que se termina por descobrir que somos primos.
Choraram um no ombro do outro, debulharam-se em lágrimas, emocionados com a
oportunidade de compartilhar tão excelsas companhias. Na realidade, quando sãos
passaram inúmeras vezes um pelo outro e nem deram bola, nem bom dia.
Bêbados, descobriram afinidades, decidiram
montar negócio juntos, decidiram explorar os índios, nesse caso as reservas
indígenas que continham tantos minérios entregues àqueles “crápulas”, sentados
literalmente em cima do ouro, sem raciocinar que eram RESERVAS biológicas e
socioeconômicas, protegiam a todos os brasileiros da ganância desenfreada do
século. Os índios estavam nos prestando favores por sua pertinência
geo-histórica.
Montaram uma mineradora e partiram para lá,
e lá foram partidos, “que índio não é bobo, não”. Aquela época de trocar
bugigangas por territórios já passou, agora eles têm assessoria de grandes
firmas de advocacia com sede em Manhattan que estão de olho em sociedades
dimensionalmente amazônicas.
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