Além de puxa-saco (veja que acima coloquei
no plural, ele não se contentava com um só, precisava puxar de muitos, era pior
que o Fagundes, personagem puxa-saco do Laerte).
Ele era gordo, gordo mesmo.
GORDO.
Era obeso, imenso, e quando digo GORDO é
para você acreditar; como disse alguém, acho que o Grouxo Marx, aquele cara
tinha até longitude. Era incrível como ele conseguia andar, duas pernas que
eram toras. Ah, meu irmão, não dava para ser politicamente correto, nem
político dava.
Bobo ele não era.
Era inteligente.
E como todo gordo, procurava se enturmar,
contando piadas e puxando saco, procurando abrandar o complexo que tinha,
procurando a aceitação de todos e cada um. Como baixar o colesterol? Ele tinha
uma fórmula secreta que fornecia só para os amigos, quer dizer, todos. Uma
beberagem milagrosa para reduzir a glicose? Era com ele.
Era do Cordão, o Clube dos PS, puxa-sacos,
pagava mensalidade e tudo. No Brasil esse clube tinha muitos adeptos, pois eram
muitos os puxa-sacos, principalmente de chefes, já que o Estado geral tinha,
dizem, seis milhões de funcionários, sem falar dos puxa-sacos privados. Era
extraordinária essa dependência de baixar tanto a ponto de mostrar a bunda.
Claro que isso tinha valor de
sobrevivência!
Senão, seria o quê? Como os puxa-sacos
chegaram até o presente? Passaram seus genes aos descendentes através de toda a
geo-história e se você for ver, encontrará em cada ponto da história e da
geografia um ou vários. É gente a que a liberdade ofende, gente necessitada de
dependência. Vem lá de trás na biologia, passou à psicologia e avança. Há em
todos os países, por mais remotos no espaço e no tempo.
O Gordão queria concorrer em duas
categorias (obesidade, levando nisso a torcida dos obesos desejosos de se ver
representados, e puxa-saquice, nesta torcida juntando-se os puxa-sacos, cada
qual querendo puxar mais para sobressair, porém a concorrência no Brasil era
terrível, o ES se fazendo representar com galhardia). Os governos e as empresas
estimulavam a disputa por baixo dos panos, porque pensavam que essa falta de
hombridade facilitava a vida dos chefes. Era pura indignidade, mas indignidade
boa, “do bem”, já que proporcionava felicidade expansiva a toda uma classe de
pessoas (pense só quantos votos!).
Gordão era ambicioso, porque queria também
ganhar o Rei Momo no carnaval, teve estafa, ficou no hospital, precisou
emagrecer a pulso, perdeu a condição de gordão, mas
continuou puxa-saco, que isso era incurável em certos brasileiros.
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