O Grupo supermercadista Viva Feliz
tinha colocado mais um supermercado da felicidade, o Superfeliz.
Como as pessoas nunca se sentiam
realmente felizes, por mais que tivessem, por mais que vivessem em bons
bairros, por mais saudáveis que estivessem, por melhores que fossem os filhos e
os dias, por mais isso e aquilo que lhes houvesse sido proporcionado por Deus
ou pelas circunstâncias - a verdade é que poucos se sentiam felizes. Fossem
ricos ou fossem pobres, todos iam ao Superfeliz em busca da felicidade.
Logo pela manhã o gerente reunia os
funcionários e começava o dia com uma Preleção do Melhor Dia ou do Dia Mais
Feliz, aconselhando-os a tratar a clientela da melhor forma possível, afinal de
contas ela vinha trocar seu dinheiro, seu suor, seu cansaço por produtos como o
MaqueFeliz e o Bobo’s. Todos os empregados viviam rindo, era quase como na
televisão.
O Superfeliz oferecia uma ampla gama
de inutilidades, de supérfluos, por exemplo, as felicidades-de-plástico que
tornavam as vidas de tantos tão satisfatórias, pois as pessoas substituíam o
interior pelo exterior, enchiam o interior de nada e tendo nada para se
preocupar, com nada se preocupavam, a ideia delas era “levar a vida na flauta”,
produto muito vendido que dava grandes retornos aos governos.
O Superfeliz vendia bloqueadores de
pensamentos chamados Mídia que iam do fator bloqueador um ao fator 32: as
mulheres usavam mais, mas também tinha muito homem usando para evitar a
incidência dos raios do Sol iluminador: iluminação, jamais. O bloqueador mais
brando era o livro, fator 1, quase inoperante, não impedia a iluminação, às
vezes até a favorecia, porque você acabava ficando exposto mais tempo; o mais
alto era a televisão, fator 32, não deixava passar quase nada. Internet era
fator 2 e assim por diante.
O povo saía superfeliz quando achava
que tinha encontrado a felicidade e semana após semana voltava para comprar
felicidade, como se fosse uma passagem de ônibus para o Estado de Felicidade
onde, por sinal, as pessoas eram muito frugais. O povo pagava caro pela
felicidade, mourejava de sol a sol, enfrentava as maiores dificuldades para
conseguir o que queria, pois as filas eram grandes, já que os do povo achavam
que a felicidade era feita de bens materiais que podiam ser comprados.
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