Jovanildo chegou ao escritório, a
secretária eletrônica deu os recados.
- Tem 32 recados.
E foi falando um por um, ele dizia o
que fazer: joga no lixo, guarda na caixa dela, depois respondo, etc.
Terminou.
- Maria, você poderia ligar o
computador?
- Perfeitamente, Jova.
- Hora dessas o pessoal vai
estranhar.
- Estranhar por quê?
- Essa intimidade.
- Você quer que eu diga “senhor” e
“o senhor”, “senhor Jovanildo”?
- Não, só tou dizendo procê prestar
atenção.
- O computador tá ligado.
- Pega aquela pasta do Recurso
Extraordinário ao Superior Tribunal. Você fez as correlações estatísticas que
pedi?
- Fiz, perto de 1, certeza quase
total, erro de 2,8 % nas medidas e o réu nem esteve perto do bailão.
- Não acredito! Eles deixaram passar
essa?
- Deixaram. Causa ganha, chance zero
de o juiz recusar; e pela minha avaliação vai passar uma descompostura no
investigador.
- Ah, isso é muito bom, aquele
safado recebeu grana.
Ela não falou nada.
- Maria, que cê acha de à noite à
gente ir ao bar?
- Eu?
- É, você mesma.
- Você acha prudente? O que o
pessoal vai pensar?
- Meus amigos tão fora e preciso de
companhia.
- E sua esposa, não vai reclamar?
- Pare com isso, conto tudo a ela.
- Conta?
- Claro.
- Tem outro problema, se a gente for
beber cerveja vou ter de ir ao banheiro de hora em hora.
- E daí? Vá.
- É que aquele bar não tem banheiro
privativo para as mulheres, entendeu?
- Você tem receio de que elas se
assustem vendo que você é robô?
- No mínimo, né, e a gritaria?
- Tranca a porta por dentro.
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