Foi um boçal qualquer que inventou
isso de soltar o vírus “consciência pesada”: ele se comprazia em ir a comício e
soltar o CP. As cabeças tombavam e quase nenhum político do Megislativo,
pouquíssimos juízes do Eudiciário, contados a mão governantes do Jexecutivo, número
mínimo de ministros do Linistério não pendia as cabeças – todos tinham
consciência pesada. Eram 5,5 mil perfeitos, dezenas de milhares de dereadores,
incontáveis deles.
Quem tivesse feito isso ou aquilo,
todos com consciência pesada.
O sacana ia às palestras dos
empresários e soltava o cepê, CP, consciência pesada e era um inferno: nem
adiantava fingir que era torcicolo, era consciência pesada MESMO. Algum exagero
do passado, sonegação, pernada nos sócios, uso da empresa com fins próprios,
maus-tratos aos funcionários, redução do peso ou da qualidade dos produtos, era
uma bosta.
De onde saiu esse filho da puta?
Começou uma gritaria danada. Aqueles
poucos que não tinham consciência pesada foram visto como meliantes, COMO SE
ELES FOSSEM OS GRANDES RESPONSÁVEIS: por quê tão poucos? Esses porras tão aí
para denunciar a gente! Pega pra capar! Todos empinadinhos, de cabeça em pé,
cheios de empáfia, enquanto os outros pendiam suas cabeças para frente, para
trás, para os lados. Em uns a consciência pesava tanto que eles não conseguiam
nem ficar em pé – esses eram os mais revoltados, porque eram motivo de chacota
daqueles que tinham pouca consciência pesada.
O Congresso passou moção
devastadora. O Senado, tanto quanto a Câmara votou resolução que levava as
forças armadas a agir em surdina para impedir essa ação de estrangeiros que
queriam desestabilizar os vários níveis do governo brasileiro. Particularmente,
quase todos os generais estavam com consciência pesada. Como se sabe, “coronel
é que nem macarrão, só é durinho até entrar na panela”, de forma que os
coronéis durinhos não tinham consciência pesada, era uma garantia e os generais
com cepê apelaram a estes, usaram a indignação desses para incitar as tropas.
As potências estrangeiras hostis às forças armadas...
Na imprensa havia também muita gente
com consciência pesada, em toda a mídia (muitos na TV, na Revista, no Jornal,
no Livro-Editoria, na Internet, na Rádio, em toda parte). Os efeitos iam se
espalhando, era uma praga, o povo olhava espantado seus líderes, quase todos
com consciência pesada.
Aqueles com cepê procuravam revidar
e acusavam os outros, agradecendo a Deus por a maioria do povo (nem todos dele)
estar isenta, porém também se via muito, embora por outros motivos, como inveja,
deduragem, puxa-saquismo, pequenos furtos, uma quantidade enorme de desvios que
a consciência pesada punia irremediavelmente.
E tanto fizeram que o rapaz foi
encarcerado, o bioquímico que inventara essa força desmoralizadora do governo,
esse agente dos poderes estranhos, das doutrinas anti-brasileiras.
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