Assim como há a reserva de mercado
para advogados, administradores, contadores e economistas há aquela outra de só
promover aos cargos de chefes os que possuem “curso superior”, não se sabendo
superior a quê, pois se é superior ao segundo grau, é inferior a mestrado, que
é inferior a doutorado, que é inferior a pesquisa de campo, que é inferior à
criação e à imaginação.
Buda não tinha curso “superior”,
Jesus segundo as histórias não tinha curso nenhum, Gandhi não tinha mestrado e
assim por diante. Gêngis Kahn não tinha curso nenhum, nem Tamerlão, nem Átila e
assim por diante. Tiradentes era alferes e assim por diante, seria interessante
fazer uma listagem o mais completa possível de todos os grandes inventores da
humanidade.
Pois aconteceu assim: como As Elites
podem ser lidas foneticamente como As Zélites, os Zés acharam que “tava pra
eles” e passaram a conversar sobre isso. Zé é diminutivo de José, que principia
com a letra J e não com a letra Z – o erro já começa daí.
Contudo, na empolgação, quem vai
prestar atenção aos argumentos contrários? Quem quer reserva de mercado quer
diminuir as chances dos outros, nem se liga que a constituição proíbe
discriminações, por exemplo, a de estreitar as chances dos demais logo à saída
do jogo. Os idosos, as grávidas, os deficientes e outros para os quais foi
criada a fila especial não reclamam dos favores da lei, quando nitidamente ela
torna desiguais os iguais. Aceitam, e pronto. É a meu favor, tá bom, beleza,
blz, como se diz na Internet. Os idosos não reclamam de todos estarem pagando
as (7 em 44) passagens gratuitas para eles.
Os Zés “não queriam nem saber”,
quando foi levantada a peteca começaram a bater nela, era o jogo.
Se os Zés eram elites, as Zélites,
então que lhes coubessem os favores da vida: queriam meia entrada nos teatros e
nos shows, queriam a fila da frente, queriam privilégios no caso de prisão
(sela especial, como os advogados e os formados em geral; pois se existiam
muitos José no Brasil, uma fração maior ia proporcionalmente presa), queriam
descontos nas pizzarias, queriam atendimento prioritários nos hospitais,
queriam andar nas cadeiras grátis dos ônibus, participar das filas especiais e
assim por diante.
E como eram muitos, os José do país
juntaram-se num sindicato universal em todos os estados; com as facilidades de
Internet e telefonia universal fizeram tremenda algazarra e pressão, elegeram
vereadores e prefeitos (os Zéfeitos), deputados estaduais e governadores,
deputados federais e senadores (os Zénadores). Existiam tantos José em todos os
cargos e empresas e repartições que os José foram ganhando posições; com a
fama, a riqueza, a aproximação da beleza interesseira e o poder vêm os
aderentes e mais e mais gente foi se juntando.
As Zélites só faziam tirar dos
outros todos. Aliás, nisso, comportavam-se como quaisquer elites, só queriam
para si.
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