Thursday, June 13, 2013

Escola de Anjos (da série Conto Tudo Novo)


- Bom dia, classe.
TODOS – bom dia, professor.
O professor se volta para escrever o nome no quadro.
- Meu nome é Robledo e sou da casa civil do governo executivo de Deus. A matéria que os senhores e as senhoras vão fazer comigo é Titularidades e suas Influências nos Compromissos de Vida ou, também conhecida como, Nomes das Crianças.
Ouve-se um burburinho nos fundos.
- Ó, esse grupinho aí, fui instruído para cuidar especialmente de vocês, os arcanjos, os mais velhos, nem adianta, sei quem são: senhores Xosiel (você toma conta da Galícia?), Miguel, Gabriel, Samuel, Rafael, Uriel e Ezequiel podem ir dispersando para não atrapalhar os mais novos. Sei por que vocês estão aqui... Em todo caso, quero atenção na minha classe, podem ir espalhando, um para cada canto.
- Mas, professor, a sala só tem quatro cantos.
- Vocês entenderam, xispa.
- Turma, vou começar com uma pergunta muito simples: i Deus-Natureza pode errar? Você aí, Tamaliel.
- Não, fessô, porque pela parte Natureza ele SE TORNA e pela parte Deus SE TORNA PERFEITAMENTE, nos limites das potências.
- Muito bem. Cumariel, o que significa que ele “se torna”?
- A manifestação de i já é sem imperfeições, não é como entre os racionais, que podem errar; uma vez que i SE TORNA, já faz isso em extremo de perfeição, irredutivelmente.
PROFESSOR (iracundo, dirigindo-se asperamente a Uriel, que estava cochichando) – muito bem, senhor Uriel, o senhor que já sabe tudo e não precisa ouvir mais nada, então porque a Titularidade pode conduzir a desastres? Uma vez que o pluriverso É DEUS-NATUREZA manifestado não-finitamente e enquanto tal não comporta erros, porque a escolha de nomes pode conduzir a desvios?
Uriel (sem graça de ter sido pegado em flagrante) – professor, o querer, o arbítrio não é perfeito. Uma vez que i desejou abrir em SI a escolha, o querer, a divergência, essa escolha, ao dar-se no plano probabilístico-estatístico congrega glomérulos de improbabilidades que atraem as divergências.
- Um pouco pedante, muito professoral pro meu gosto, mas está certo. Explicando, turma: veja Ricardo, “senhor poderoso” numa das línguas deles. Pai e mãe querem favorecer o filho, nisso há uma tentativa de moldar o destino, o que atrai os contrários. Compreenderam?
- Sim, professor.
- Por hoje é só, amanhã recomeçamos. Quanto aos sete, vão ficar depois da aula, temos de conversar.
- Ah, professor!
- É, sim, não é nada de cobrança.

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